A recente declaração de Celso Amorim no Financial Times acendeu um sinal de alerta nas relações internacionais do Brasil. Com um título provocativo, “Brazil vai dobrar a aposta no Brics em desafio a Donald Trump”, a matéria revela uma postura ousada, mas arriscada, em um momento delicado para a economia brasileira.
Enquanto empresários buscam diálogo com o governo dos EUA para adiar um possível aumento nas tarifas sobre produtos brasileiros, a retórica de Amorim, comparando os Estados Unidos à antiga União Soviética, causa desconforto. Essa comparação, além de cínica, ignora a urgência de uma diplomacia mais construtiva com a Casa Branca.
Amorim não hesitou em afirmar que a interferência de Trump nos assuntos internos do Brasil seria incomparável, trazendo à tona uma visão radical que não leva em conta os riscos dessa hostilidade. Se olhássemos para a história, a resposta soviética seria bem mais incisiva, demonstrando que desafiar superpotências requer cautela e estratégia.
A cinismo se aprofunda quando consideramos a posição do governo Lula, que se alinha abertamente com a Rússia de Putin. Em meio a esse quadro, Amorim desdenha do caráter ideológico do Brics, afirmando que o Brasil “redobrará o seu compromisso” com o bloco, em um momento em que o país enfrenta ameaças tarifárias não apenas dos EUA, mas também de vizinhos como a Venezuela e a Argentina, que estão firmando acordos comerciais que ignoram o Brasil.
Em sua incansável defesa, Amorim encerra sua entrevista reafirmando a ideia de que “países não têm amigos, apenas interesses”. Essa frase ressoa na atual situação em que o Brasil parece não ter nem amigos, nem interesses claros. Resta-nos esperar pelas próximas eleições e, quem sabe, uma liderança que mude este cenário. Afinal, o problema não reside nas urnas eletrônicas, mas na escolha dos eleitores.
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