O aumento alarmante de cibercrimes direcionados a crianças e adolescentes está fazendo com que autoridades busquem soluções que vão além da mera repressão. Especialistas concordam que a prevenção é o caminho mais viável para combater essa questão crescente, que, longe de ser um fenômeno recente, ganhou novos contornos com a popularização das redes sociais e o avanço da tecnologia.
A pandemia de covid-19 intensificou essa problemática, mantendo os jovens conectados por longas horas e muitas vezes sem supervisão. Para as autoridades consultadas, a resposta a esses crimes deve começar muito antes do ato em si, em ambientes como casa e escola, priorizando a atenção e o cuidado dos adultos próximos.
Nas sombras da internet, criminosos exploram a vulnerabilidade emocional de jovens, infiltrando-se em grupos de mensagens, fóruns e perfis anônimos. Relatos de aliciamento, extorsão sexual e incitação à automutilação se tornaram comuns, com adolescentes perdendo suas vidas após serem vítimas de chantagens. Essa realidade sombria revela a urgência de uma abordagem mais eficaz.
Embora muitos jovens sejam manipulados em casa, especialistas evitam o discurso de culpa e, em vez disso, enfatizam a importância da orientação ativa. Alesandre Barreto, do Ciberlab do Ministério da Justiça, alerta sobre os sinais que os jovens dão, como mudanças de comportamento e automutilação, que precisam ser percebidos por pais e educadores.
Iniciativas como o “Projeto Sinais”, do Ministério Público do Rio Grande do Sul, têm mostrado que a instrução de pais e responsáveis é essencial. O projeto treina profissionais e familiares para identificar padrões de risco, promovendo uma rede de proteção mais robusta entre escolas, segurança pública e comunidades.
Lisandrea Colabuono, da Polícia Civil de São Paulo, acrescenta que as marcas deixadas pela violência na infância podem se prolongar por toda a vida, enfatizando a importância da prevenção como forma de evitar futuras gerações de vitimas de violência. Para ela, cada jovem que sofre abusos representa um possível futuro ciclo de violência doméstica.
No âmbito jurídico, o advogado Paulo Klein destaca que a educação é a chave para a prevenção. Ele defende que muitos jovens não compreendem nem os limites legais nem os efeitos emocionais da exposição online. A conscientização dos pais sobre o monitoramento e uso limitado da internet é fundamental para combater essa crise.
Klein ainda menciona uma decisão recente do Supremo Tribunal Federal, que estipula que as redes sociais podem ser responsabilizadas por publicações prejudiciais antes mesmo de um aviso judicial. Essa nova responsabilidade, que demanda que plataformas removam conteúdos sensíveis proativamente, pode transformar a dinâmica da internet, trazendo esperança para um ambiente digital mais seguro.
A responsabilidade é, sem dúvida, coletiva. Cabe a todos nós, pais, educadores e cidadãos, abrir os olhos para essa questão urgente. Que ações você está tomando para proteger nossos jovens no mundo digital? Vamos juntos discutir e encontrar caminho para um futuro mais seguro.
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