O Brasil enfrenta um desafio silencioso: o analfabetismo funcional, que atinge 29% dos brasileiros entre 15 e 64 anos, segundo dados recentes. Essa realidade é ainda mais grave entre os que têm entre 50 e 64 anos, com uma taxa de 51%. Historicamente, pretos e pardos são os mais afetados, enfrentando riscos de exclusão educacional. Nesse contexto, as igrejas se tornam um espaço fértil para a alfabetização de adultos, onde aprender a ler se entrelaça com a fé, o pertencimento e a dignidade. Ao acessar a Bíblia diretamente, muitos encontram um sentido renovado na vida e na espiritualidade.
O pastor Jorge Souto, da Comunidade Evangélica Jesus Vive, no Rio de Janeiro, destaca que a preparação de líderes e voluntários é vital para acolher aqueles que mais precisam. Ele compartilha a história de uma familiar que, após se converter, enfrentou dificuldades ao se deparar com exigências que não consideravam seu nível de alfabetização. A pressão pela meritocracia afastou aqueles que venham sedentos por aprendizado e acolhimento.
A alfabetização não deve ser uma ação opcional nas igrejas. O teólogo Atila Ribeiro, diretor do Instituto Teológico Dünamis, enfatiza que a missão da igreja é formar discípulos e, para isso, é fundamental que os fiéis tenham acesso à leitura da Palavra. Ele assinala que a inclusão de adultos recém-alfabetizados no ensino das Escrituras é um ato de justiça e revela o coração inclusivo de Deus.
Com a alfabetização, muitos experimentam uma transformação íntima. O pastor Francisco Rosa, da Igreja Batista Missionária em Éden, afirma que essa conquista traz não apenas benefícios espirituais, mas também sociais. O ato de ler a Bíblia capacita os indivíduos a se tornarem críticos e engajados na sociedade. O pastor Fábio Andrade, da Igreja Batista Resgate em Vitória (ES), complementa que a alfabetização é uma abertura para uma nova intimidade com Deus, onde a fé é alimentada pela leitura pessoal.
No Rio de Janeiro, o pastor Marcos Soares Gonçalves destaca que o analfabetismo é uma questão social que precisa ser enfrentada urgentemente. Ele acredita que, com o apoio das políticas públicas e da atuação das igrejas, é possível erradicar essa chaga. O pastor Eder Reis também testemunha os frutos espirituais da alfabetização, relatando histórias de transformação e descoberta de promessas divinas através da leitura.
A alfabetização bíblica surge, portanto, como uma ponte entre fé e dignidade, onde o ensino adaptado com amor se torna um ato pastoral transformador. Apesar das dificuldades que milhões de brasileiros enfrentam para acessar a escrita, a igreja tem desempenhado um papel essencial na superação dessa exclusão. Ensinar alguém a ler é abrir caminho para que cada um descubra a presença viva de Deus em sua própria jornada. E nesse encontro, a leitura deixa de ser mecânica para se tornar uma experiência profundamente individual.
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