Preta Maria Gadelha Gil Moreira, embora nascida carioca em 8 de agosto de 1974, sempre carregou dentro de si uma forte conexão com a Bahia e sua vibrante capital, Salvador. Desde os seis meses de vida, a cidade se transformou em seu lar, onde cresceu e moldou suas primeiras memórias em uma comunidade hippie, aprendendo a ler e a escrever sob os olhares de uma cultura rica e acolhedora.
Filha do icônico Gilberto Gil e da também influente Sandra Gadelha, Preta sempre esteve cercada por referências musicais e afetivas que a ligavam à Bahia. Durante uma entrevista em 2020, ela recordou os desafios enfrentados ao retornar ao Rio, onde o preconceito linguístico a surpreendeu quando, ao apresentar o alfabeto aprendido, se tornou alvo de risadas e desdém. Mas não se deixou abalar; sua mãe, uma figura forte e decidida, a encorajou a se expressar e a mostrar seu verdadeiro eu.
A relação de Preta com Salvador foi além da infância. Durante as férias escolares, ela sempre fazia questão de visitar a cidade, reafirmando sua conexão com as raízes. Aos 16 anos, o Carnaval de Salvador lhe proporcionou um primeiro emprego no camarote de um amigo, marcando o início de sua jornada no meio artístico. Assim, começou a construir uma carreira que não apenas celebrava sua ascendência, mas também sua luta pela igualdade e aceitação.
Em 2006, sua atuação como defensora da comunidade LGBT+ brilhou no carnaval da Bahia, quando desfilou como madrinha da Parada Gay, reafirmando seu compromisso com a justiça social. O cenário musical foi também moldado por suas interações com a cidade; em 2017, a artista puxou um trio sem cordas no carnaval, unindo os dois mundos que tanto amava.
A conexão de Preta com a Bahia se manifestou em seus relacionamentos, como a amizade com Gominho, que a apoiou durante sua luta contra o câncer. Artistas baianos e momentos significativos fizeram parte de sua trajetória, incluindo um namoro com Márcio Victor, vocalista do Psirico, que culminou em uma colaboração em 2024, mesmo após o término da relação.
Durante os últimos meses de vida, em meio ao tratamento contra o câncer, Preta manteve sua presença inconfundível em Salvador. Em uma missa celebrada na cidade, ela comemorou sua remissão, cercada por amigos e familiares. Os últimos momentos a viam vibrando no Carnaval, desfrutando a energia contagiante da festa e encerrando uma passagem inesquecível pela terra que considerava sua segunda casa.
Em março, após uma delicada cirurgia, Preta se despediu do mar da Bahia, de onde tirou forças para seguir em sua luta. Segundo suas palavras, “Até breve, Salvador!”, que mostravam sua determinação e amor pela cidade que a moldou. No último domingo (20), após uma batalha heroica, sua luz se apagou em Nova York, mas seu legado permanece vivo, transcendendo a música. Ela deixa um filho, Francisco, e uma neta, Sol de Maria, imortalizando a lembrança de uma artista que soube unir amor, luta e arte.
Que tal compartilhar suas memórias sobre Preta Gil ou a importância da Bahia na cultura brasileira? Deixe seu comentário abaixo!
Comentários Facebook