Nos recantos misteriosos do sul da Judeia, uma caverna escavada na rocha, venerada por séculos como o túmulo de uma discípula de Jesus, começa a revelar um segredo intrigante. Uma pesquisa recente da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) sugere que este local sagrado pode estar ligado a uma figura muito mais influente: Salomé, irmã de Herodes, cuja história se entrelaça com a morte de João Batista.
As escavações, lideradas pelos arqueólogos Nir-Shimshon Paran e Vladik Lifshits entre 2022 e 2023, impulsionaram a teoria de que a “Caverna de Salomé”, localizada próxima a Ascalão, pertenceu a essa poderosa figura da corte herodiana, e não à discípula associada aos evangelhos. Paran, um dos principais pesquisadores, afirma que “é plausível que o local tenha pertencido à Salomé herodiana”.
A grandiosidade da caverna impressiona: um pátio de 225 metros quadrados abriga uma câmara funerária com nichos decorados em pedras entalhadas, representando os traços aristocráticos do período do Segundo Templo. Este complexo funerário, um dos mais sofisticados já descobertos em Israel, permaneceu abandonado por séculos até sua redescoberta no século VI, quando peregrinos bizantinos transformaram o local em um santuário cristão.
Embora inscrições em grego, árabe e siríaco nomeiem Salomé como santa, os arqueólogos sugerem que esta Salomé pode não ser a mesma das tradições cristãs. A análise aponta que o nome sobreviveu das raízes históricas e que a ocupante pode ter sido a Salomé envolvida na traição que levou à execução de João Batista, uma mulher que, após a morte do rei, governou e herdou propriedades em diversas cidades da região.
A hipótese se fortalece com as descobertas de vilas romanas de alto padrão nas proximidades da caverna. A geografia estratégica do local, entre Ascalão, onde Herodes erigiu um palácio para sua irmã, e o Vale do Jordão, suporta a ideia de que a caverna tenha sido originalmente construída para esta figura herodiana.
Embora não tenham sido encontradas evidências diretas, como um ossuário com o nome de Salomé, a convergência de fatores geográficos, arquitetônicos e históricos sugere fortemente sua conexão com a caverna. Atualmente fechada à visitação pública, esta caverna permanece um local de interesse arqueológico e espiritual. Peregrinos contemporâneos continuam a deixar velas, ícones e preces em nichos antigos, preservando uma devoção que, apesar das novas interpretações, resiste ao tempo.
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