Cobrança para realizar batismo causa indignação no meio evangélico

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Uma polêmica online estourou no meio evangélico quando a Igreja Batista da Lagoinha, unidade de Alphaville, em Barueri (SP), anunciou que os fiéis precisariam desembolsar R$ 80 para serem batizados. Esse valor incluiria uma pulseira e uma camiseta, tornando a cerimônia um evento a ser adquirido. Essa atitude rapidamente gerou indignação em diversos grupos de discussão, levantando questões profundas sobre a essência da fé cristã.

O teólogo Rodolfo Capler não hesitou em classificar essa prática como uma corrupção dos princípios cristãos. Ele afirma que transformar o batismo, um símbolo de arrependimento e nova vida em Cristo, em um item comerciável é uma distorção grave do evangelho. “Quando a fé é tratada como um negócio, o templo se torna um mercado e o púlpito um balcão”, criticou.

Reações nas redes sociais ecoaram uma comparação com a venda de indulgências da Idade Média. Capler menciona a denúncia histórica de Martinho Lutero sobre o comércio do sagrado, alertando que cobrar por sacramentos fere a lógica da graça. A fé não deve ser sinônimo de lucro, e a venda de crenças pode levar a consequências espirituais drásticas.

O pastor Gilmey Meyreles, coordenador de um projeto social em Cariacica, Espírito Santo, também vê essa cobrança como um reflexo de uma teologia distorcida. Ele destaca que, num contexto de vulnerabilidade social, exigir pagamento para o batismo apenas agrava a elitização da fé. “Em comunidades periféricas, muitos ainda lutam para atender suas necessidades básicas. Como explicar a elas que precisam pagar para se batizar?”, questiona.

O reitor da FAITESP, pastor Gilson de Oliveira, alerta que essa commodificação do sagrado fere os fundamentos do evangelho. Segundo ele, o batismo deve ser acessível a todos, sem barreiras financeiras. “Em Mateus 28:19, não há espaço para exigências financeiras no ato de batizar”, lembra.

Além disso, especialistas apontam que a imposição de taxas para o batismo pode criar um fenômeno de exclusão social dentro das comunidades religiosas, limitando a participação àqueles que podem pagar. O pastor Rodrigo Vieira enfatiza que essa mentalidade mercenária representa uma injustiça para com as igrejas que se comprometem em conduzir a mensagem de Cristo com seriedade.

“O verdadeiro risco é a manipulação pelo legalismo que essa prática suscita”, ressalta Vieira, enfatizando que a entrega à graça não pode ser reduzida a um preço. Enquanto isso, a Igreja Batista da Lagoinha foi contatada para se manifestar sobre a situação, mas não respondeu até o momento.

Essa discussão abre espaço para reflexões profundas sobre o papel da igreja na sociedade e o verdadeiro significado da fé. E você, o que pensa sobre isso? Deixe seu comentário e participe dessa importante conversa!

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