Negociar depende da disposição de ambas as partes. Se a outra pessoa não demonstrar interesse, qualquer esforço será em vão. Essa lição é clara para mim, tanto como pai quanto avô. Filhos e netos, ao chegarem a certa idade, seguem suas próprias vontades, desafiando até mesmo as instruções mais cuidadosas.
Um exemplo disso é meu neto David, que aos dois anos já se recusa a obedecer a simples solicitações. Quando digo que não é hora de dormir, é exatamente o convite que ele precisava para ir para a cama. Essa dinâmica é a essência da persuasão e da negociação.
Atualmente, o presidente Lula enfrenta desafios em sua relação com Trump, especialmente em meio às tensões do tarifaço que o presidente norte-americano impôs ao Brasil. Lula tem se esforçado para se mostrar aberto ao diálogo, mas suas palavras parecem ecoar sem resposta desde que uma proposta de negociação enviada à Casa Branca em maio foi ignorada, enquanto as tarifas subiram de 10% para 50%.
Recentemente, Lula declarou: “Não há vencedores em guerras tarifárias. Somos um país de paz, sem inimigos”. Porém, neste momento, a comunicação permanece unilateral. Trump, além de desconsiderar a proposta de Lula, tem aumentado sua retórica em favor de Bolsonaro, afirmando publicamente que o julgamento deste deve ser interrompido, reconhecendo na verdade, uma agenda política pessoal.
A relação comercial entre Brasil e EUA não é deficitária, como Trump afirmou em carta a Lula, mas sim uma via cheia de interesses e manipulações. É irônico que, ao mesmo tempo em que promove essa narrativa, Trump se justifique em apoiar Bolsonaro como uma resistência à suposta injustiça enfrentada por ele. No entanto, o que Lula tem a ver com o julgamento de Bolsonaro, que envolve crimes graves? Absolutamente nada; a Constituição define claramente a autonomia dos poderes.
A Suprema Corte dos EUA, com juízes nomeados por diferentes presidentes, reflete essa mesma autonomia e, neste momento, seria sábio que os envolvidos focassem em resolver suas próprias crises ao invés de usar a negociação como um jogo político. Eduardo Bolsonaro, por exemplo, promove um discurso de dependência com relação a Trump, e sua retórica apenas alimenta um complexo que o Brasil precisa superar.
Chega de complexo de vira-lata! É hora de o Brasil se posicionar de maneira firme e independente nas relações internacionais.
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