Clever Davi Mendonça carrega, aos 50 anos, o peso de um abandono que se arrasta por quase três décadas. Após decidir deixar de ser Testemunha de Jeová, ouviu de seus próprios pais que, a partir daquele momento, tornara-se uma “alma morta em vida”. Esse afastamento não apenas o isolou, mas também excluiu seus quatro filhos e três netos, que nunca conheceram os avós devido à rígida doutrina que os impede de manter qualquer contato.
Desde o nascimento, Clever foi inserido em um mundo onde a relutância em aceitar divergências é a norma. “A vida dos meus pais girava em torno dessa seita”, recorda. Com o tempo, ele começou a questionar as crenças que cercavam sua infância. “Como pode um Deus de amor ameaçar a vida de quem não concorda com Ele?” Essa indignação foi o que o levou a ser oficialmente desassociado da congregação aos 23 anos, um processo que representa um severo corte nas relações familiares e sociais.
Para os pais de Clever, sua existência foi apagada, junto com a de seus filhos que, para eles, são considerados “bastardos espirituais”. “Minhas crianças vão morrer na guerra do Armagedom”, afirmam, sem cogitar que isso pode significar a perda de futuras gerações. Essa visão estreita e intolerante moldou uma realidade em que o amor familiar foi transformado em desamparo e tristeza.
Clever caracteriza essa experiência como um abandono afetivo que brota da intolerância religiosa. A manipulação psicológica dentro da seita ainda tenta trazer de volta aqueles que se afastaram, como evidencia a história de sua tia que, após 30 anos, decidiu retornar à religião apenas para reatar um vínculo com a família. “A doutrina, por mais absurda que seja, quebra laços e destrói famílias”, lamenta Clever.
Essa história é um alerta sobre as tensões entre crenças pessoais e os laços afetivos que, por muitas vezes, são severamente comprometidos. O impacto devastador de um sistema que condena e marginaliza os que pensam de maneira diferente levanta questões sobre a real essência da fé e do amor familiar.
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