Nos últimos dois anos, o Brasil testemunhou um crescimento alarmante na concessão de auxílios por incapacidade temporária, anteriormente conhecido como auxílio-doença, especificamente para segurados diagnosticados com ludopatia, o vício em apostas. De acordo com o Instituto de Estudos Previdenciários (IEPREV), essa concessão aumentou em mais de 2.300% — um indicativo da expansão das plataformas de apostas virtuais e seus impactos dramáticos na saúde mental da população.
Entre 2023 e 2025, foram concedidos 276 benefícios previdenciários ligados à ludopatia, uma disparidade marcante se comparada à média de apenas 11 concessões anuais de 2015 a 2022. Esse fenômeno não só evidencia a fragilidade do sistema de seguridade social, mas também reflete um crescente desafio societal.
O perfil dos beneficiários revela que 73% são homens, com 80% na faixa etária de 18 a 39 anos — a fase mais produtiva da vida. Aproximadamente 7% dos casos envolvem segurados com dependentes, o que amplia o impacto do transtorno no contexto sociofamiliar, gerando consequências que vão além do indivíduo.
As consequências desse cenário são sentidas em diversos setores. O Sistema Único de Saúde (SUS) também enfrenta um aumento considerável nos atendimentos relacionados ao vício em apostas, que saltaram de 65 em 2019 para 1.292 em 2024. Essa escalada impõe uma pressão crescente sobre o sistema público de saúde, que exige respostas estruturadas e políticas eficazes.
Além disso, o Poder Judiciário é impactado, com um aumento nos litígios trabalhistas relacionados a demissões por causa do uso indevido de plataformas de apostas durante o expediente. Enquanto isso, na Justiça Federal, cresce o número de pedidos judiciais para benefícios por incapacidade temporária, enfatizando a necessidade de uma abordagem interinstitucional diante da ludopatia.
Embora o Estado tenha iniciado regulamentações e campanhas de conscientização, as medidas ainda são insuficientes frente à magnitude do problema. A ludopatia já se configura como uma questão de saúde pública e uma preocupação econômica que deve ser tratada com o mesmo rigor e prioridade que outras dependências, como o alcoolismo e o tabagismo.
É preciso uma ação coordenada entre os sistemas de saúde, previdência e justiça para enfrentar essa crise. Agora, mais do que nunca, é essencial unir esforços para garantir o suporte necessário aos afetados e padronizar políticas que promovam a saúde mental e o bem-estar social.
E você, o que pensa sobre essa situação? Sua opinião é fundamental para iniciarmos um diálogo construtivo. Comente abaixo e faça parte dessa conversa!
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