No Sudão, o silêncio foi rompido em meio ao caos quando, sem aviso prévio, autoridades demoliram um complexo da Igreja Pentecostal em Cartum Norte. As escavadeiras, acompanhadas por policiais e militares, chegaram em pleno meio-dia de 8 de julho, arrancando os sonhos e a esperança que habitavam aquele espaço sagrado, construído nas décadas de 1990 pela Igreja Pentecostal do Sudão.
Testemunhas descreveram o momento como “chocante”, observando a destruição de um local que abrigava cultos e atividades administrativas. A demolição ocorreu sem qualquer solicitação prévia de documentos de propriedade, levantando questões sobre a liberdade religiosa no país. Em meio a essa calamidade, a comunidade cristã fez um apelo ao Conselho de Igrejas do Sudão para que denunciasse essa grave violação.
As autoridades justificaram a ação como parte de uma “iniciativa para remover prédios não regulamentados”, mas as palavras do líder religioso Rafat Samir ecoam nas mentes dos cristãos: a situação da igreja no Sudão é alarmante. Ele alertou que as igrejas nas periferias estão sob risco de ataque direto, e que as maiores poderiam ser alvo de destruições disfarçadas por pretextos legais.
Os líderes da igreja se manifestaram firmemente contra a ação, classificando-a como um agravante da perseguição aos cristãos no país. O pastor Juma Sapana pediu orações para que a fé dos cristãos fosse reforçada durante este período de tribulação: “Oremos para que a Igreja no Sudão se mantenha firme”, escreveu em suas redes sociais.
O pano de fundo dessa ruptura é o aumento da violência e instabilidade política no Sudão, intensificada por um conflito entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF). Essa guerra civil, que começou em abril de 2023, não só trouxe destruição física, mas também colocou em risco a vida de milhares de pessoas, desamparando a população cristã e transformando igrejas em alvos fáceis.
Estudos e relatórios alarmantes classificam o Sudão entre os países mais desafiadores para ser cristão, destacando a crescente violência, os ataques a locais de culto e a perseguição sistemática à liberdade religiosa. Crianças, mulheres e homens de fé lamentam enquanto suas comunidades são dizimadas em meio ao conflito, sem uma saída visível.
Após o golpe militar em outubro de 2021 que afastou o governo de transição, o Sudão viu uma reversão das conquistas de liberdade religiosa que emergiram após a depedição do ditador Al-Bashir. Embora tenham havido avanços, a sombra da repressão e da intolerância voltou a pairar sobre o país.
A realidade é dura, e a população cristã, composta por aproximadamente 2 milhões de pessoas, enfrenta um caminho incerto diante do crescimento da violência e da perseguição. Enquanto isso, os líderes militares tentam apresentar uma fachada de democracia, quando, na verdade, a liberdade de culto se torna cada vez mais um sonho distante.
O que devemos fazer quando a fé é posta à prova? Como nos unimos para apoiar nossos irmãos e irmãs em situações de sofrimento? Deixe suas reflexões nos comentários e junte-se ao diálogo sobre essa importante questão de liberdade religiosa no mundo.
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