Uma nova pesquisa da Lifeway Research entre agosto e setembro de 2024 revela uma realidade preocupante nas igrejas: apesar da existência de políticas disciplinares, a prática da disciplina eclesiástica se tornou rara. O estudo, que entrevistou mais de 1.000 pastores protestantes, mostrou que apenas um em cada seis informou ter disciplinado formalmente um membro no último ano.
Scott McConnell, diretor executivo da Lifeway Research, destaca que essa infrequência não reflete a ausência de pecados entre os membros, mas sim a resistência em confrontar aqueles que persistem em seus erros sem arrependimento. Estimativas alarmantes surgem: mais da metade dos pastores (54%) afirmou que suas igrejas nunca realizaram disciplina formal ou desconheciam casos anteriores. Outros 22% relataram a última ocorrência há três anos ou mais.
A situação varia entre diferentes denominações. Curiosamente, 47% dos pastores evangélicos não souberam responder se houve disciplina em suas instituições, número que se eleva para 70% entre líderes de tradições mais antigas, como os metodistas, onde 82% nunca disciplinaram um membro.
O tamanho da congregação também desempenha um papel significativo: em igrejas com mais de 250 membros, 35% dos pastores afirmaram não ter registrado nenhum caso de disciplina. McConnell explica que, quanto maior a comunidade, maior a chance de comportamentos que justifiquem a intervenção. As tradições e ensinamentos da igreja também têm grande influência sobre essa disposição.
Embora a aplicação da disciplina seja raríssima, a maioria ainda possui políticas formais a respeito. Apenas 14% dos pastores disseram que suas igrejas não têm regras estabelecidas. A responsabilidade pela condução da disciplina varia: 14% atribuem isso aos presbíteros, 11% ao pastor principal, 10% à congregação, enquanto 35% acreditam que deve haver um consenso entre diferentes grupos.
A base bíblica da disciplina eclesiástica é frequentemente referenciada, especialmente em Mateus 18:15-20, que orienta a correção gradual do pecado. O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 5, também enfatiza a importância de confrontar o pecado não tratado, alertando que “um pouco de fermento leveda toda a massa”.
O comentarista Reagan Scott enfatiza as consequências da ausência de disciplina nas igrejas, citando problemas como alegações de abuso, ganância, heresia e a crescente normalização de práticas como divórcio e sexo fora do casamento. Para Scott, essa omissão compromete a integridade espiritual da comunidade, permitindo a inclusão de membros “ilegítimos”.
Apesar das dificuldades, 83% dos pastores afirmam que o objetivo da disciplina é confrontar, com amor e à luz da Bíblia, os pecados não confessados. Entre os pastores evangélicos, a concordância com essa visão é ainda mais forte (89%) do que entre as tradições mais antigas (74%). O Movimento Restauracionista (94%) e os batistas (90%) mostram uma forte adesão a esse modelo.
Ao finalizar, McConnell ressalta que confrontar pecados não confessados traz benefícios tanto para a igreja local quanto para o indivíduo, apontando que muitas comunidades buscam seguir as diretrizes bíblicas nesse crucial aspecto.
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