“Fiz isso porque eu posso fazer”, declarou Donald Trump, em uma direta referência ao tarifaço de 50% que aplicou sobre a importação de produtos brasileiros. A arremessada afirmação teve como pano de fundo seu desejo de ver um fluxo de dinheiro entrando nos Estados Unidos.
Essa postura me lembrou de uma frase lamentável que circulou durante o escândalo de Bill Clinton: a sensação de que, devido ao seu poder, ações impensáveis podiam ser levadas a cabo sem culpa. Embora Clinton não tenha dito, “Fiz porque podia”, sua conduta reflete a crença em sua impunidade. O impeachment e a absolvição no Senado mostram como o poder pode tornar-se um véu sobre a responsabilidade.
Mas o que motiva Trump a atacar Bolsonaro? Uma insatisfação latente com o governo Lula, que aproxima o Brasil da China, e a necessidade de se distanciar das investigações que cercam Bolsonaro por tentativas de golpe em 2022 e 2023. A relação entre eles não é de amor; Trump utiliza Bolsonaro como um peão em seu jogo estratégico.
Na verdade, é Bolsonaro quem nutre uma paixão por Trump, espelhando-se em suas ações. A recusa em reconhecer a derrota é um exemplo claro disso. Ambos, no auge da pandemia, ignoraram as consequências, e o tumulto em seus respectivos capitólios reforça esse paralelo. Em conversas à CNN Brasil e ao Poder 360, Bolsonaro declarou seu afeto: “Ele é imprevisível. Eu gosto dele, sou apaixonado por ele.”
Recentemente, surgiu a sugestão do governador Tarcísio de Freitas: despachar Bolsonaro aos EUA para negociar um alívio no tarifaço. Contudo, essa ideia não decolou, já que Bolsonaro está proibido de deixar o país, temendo possíveis fugas. Mesmo assim, ele manifestou: “Se continuar o Brasil avançando rumo à esquerda, eu tenho poder de resolver esse assunto, mas preciso de liberdade para conversar com Trump. No momento, nem passaporte eu tenho.”
Bolsonaro, agitado nas circunstâncias, vê suas esperanças se esvaírem, enquanto Lula observa o vento mudar em sua direção, perpétuo em seus planos.
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