ABRE ASPAS
Estilista Márcia Ganem destaca a importância da conexão humana na moda

Para a estilista e designer de joias baiana Márcia Ganem, a conexão com histórias e culturas é essencial na hora de escolher uma peça de roupa. “Precisamos de algo que venha de alguém”, afirma. Reconhecida por sua trajetória que une ancestralidade e sustentabilidade, Márcia enfatiza que a moda só ganha significado quando dialoga com saberes tradicionais e o equilíbrio com a natureza.
É com essa visão que ela lança o Movimento Irun, uma plataforma cultural que se inaugura hoje na Casa de Castro Alves, no Centro Histórico de Salvador. O nome ‘Irun’, que significa ‘irmão’ na língua tupinambá, simboliza a intenção de fortalecer trocas entre comunidades tradicionais e valorizar a cultura afrodescendente, indígena e popular.
O projeto busca criar ações como cursos, exposições e rodas de conversa que dão visibilidade a culturas pouco reconhecidas. “Não estão apenas no interior, mas também aqui, vivendo e respirando a diversidade,” enfatiza Márcia, ao refletir sobre a necessidade de integrar expressões culturais na sociedade contemporânea.
Mas como transformar a reflexão sobre dignidade e valorização cultural em ações concretas? O Irun é um caminho para a troca de saberes e a valorização da cultura, nos levando a cuidar do nosso planeta e de nós mesmos. Na Casa de Castro Alves, o projeto une tradições para promover uma cultura inclusiva, onde todos são convidados a participar.
Acreditando que reconhecer e respeitar outras culturas é vital, Márcia ressalta a importância do aprendizado mútuo. “O maior desafio é sair do centro e olhar para as culturas que têm muito a ensinar sobre equilíbrio e espiritualidade,” diz ela. Essa jornada é um compartilhamento que agrega valor ao que significa ser humano.
Durante a primeira ação do projeto, foi possível ouvir e entender as histórias de comunidades que lutaram por seus direitos. Desde 2004, Márcia se envolveu com grupos tradicionais e aprendeu a valorizar o tempo, os saberes e o artesanal. Isso transformou sua visão sobre o que é fazer moda.
A moda aprende com as comunidades tradicionais; ela se humaniza quando incorporamos valores essenciais de existir no planeta. Somos seres relacionais e precisamos nos conectar.

A estilista Márcia Ganem | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE
Além disso, como podemos tornar a sustentabilidade um compromisso real nas cadeias produtivas? Estamos num momento em que discursos relevantes emergem. Nos últimos anos, a moda passou por uma crise profunda e buscou se reposicionar. Hoje, comunidades negras e povos originários estão assumindo seu espaço e valorizando suas culturas.
Marcas locais enfrentam o desafio de competir com grandes plataformas como Shein. No entanto, Márcia acredita que as pessoas, cada vez mais, buscam significado nas coisas que possuem. “Precisamos de roupas que contêm histórias, que representem culturas, não apenas compras vazias,” observa.
Procuramos não apenas consumir, mas nos relacionar profundamente com o que escolhemos. É essencial entender nossa história e a importância dos saberes tradicionais.
O diálogo com as comunidades e a valorização da culinária local são aspectos que tornam a experiência de compra mais rica. O turismo de base comunitária, que integra saberes e práticas, é uma forma de se abrir para o outro e fortalecer essa conexão.
A ressignificação das crises passadas da moda é necessária. Precisamos explorar as tradições, entender as histórias por trás de cada peça e reconhecer a integralidade da cultura que nos une como povo.

| Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE
Como educar para um consumo consciente, considerando limitações financeiras? Dialogar e apresentar propostas é fundamental. Mesmo em meio ao consumo de produtos de baixo custo, existe um espaço para valorizar itens que carregam significado e representam nossa cultura. Apoiar o trabalho de quem produz é um gesto de cidadania.
Em uma peça da Shein, não encontramos valor simbólico ou histórias. O que realmente importa é a presença em nossas vidas, construindo experiências que promovem nosso crescimento pessoal.
O Movimento Irun não visa apenas unir tradições, mas também transformar a forma como lidamos com o design e a cultura. Com planos de expandir para outras comunidades, o Irun promove diálogos contínuos, explorando a permacultura e o cuidado com a espiritualidade. Tudo isso se materializa na Casa de Castro Alves, unindo as comunidades e celebrando a diversidade.
A jornada do Irun representa uma nova era de conexão cultural e valorização de saberes, onde todos são convidados a participar. O que você pensa sobre a relação entre moda e cultura? Compartilhe suas ideias nos comentários!
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