MUNDO
Extensão de terra fica a quase 3 mil km da costa mais próxima e tem apenas 205 habitantes
Por Isabela Cardoso
17/07/2025 – 21:38 h

A ilha habitada mais remota do mundo é um território vulcânico –
Às margens do inexplorado Oceano Atlântico, reside Tristão da Cunha, a ilha habitada mais remota do planeta. Com uma população de apenas 205 pessoas, essa pequena comunidade, localizada a quase 3 mil km da costa mais próxima, vive em um cenário de tranquilidade que contrasta com o frenesi turístico de locais famosos como Veneza e Barcelona.
Parte de um arquipélago britânico que compreende outras ilhas vulcânicas, Tristão é o único local habitado, onde o vilarejo de Edimburgo dos Sete Mares é um microcosmo de tradições e simplicidade. Os moradores conhecem uns aos outros por nome e sobrenome, formando uma comunidade tão unida que as casas não possuem fechaduras.
“Você pode deixar as crianças irem a qualquer lugar. Não trancamos a porta, as janelas e portas permanecem abertas”, revela um residente em um documentário da BBC. Essa cena ilustra a confiança e a segurança que permeiam a vida na ilha.
Como chegar a Tristão da Cunha?
A travessia até Tristão da Cunha é um verdadeiro desafio: é necessário embarcar em um navio na Cidade do Cabo, com uma viagem que dura cerca de sete dias. Essa jornada é realizada por três embarcações, aproximadamente uma vez por mês, com datas sujeitas a mudanças. As passagens custam cerca de US$ 1.000 (ida e volta) e requerem a solicitação de autorização com 40 dias de antecedência.

Localização da ilha no meio do Oceano Atlântico | Foto: Reprodução | Google Maps
A ilha aceita apenas dinheiro em espécie, preferencialmente libras esterlinas, além de dólares, euros e rands sul-africanos. O acesso é limitado, uma vez que há apenas 12 atracadouros disponíveis para barcos de pesca.
O que fazer na ilha?
Em Tristão da Cunha, não espere hotéis luxuosos ou restaurantes da alta gastronomia. As acomodações são simples, oferecidas por moradores em suas casas, proporcionando uma experiência verdadeiramente caseira. Hoje, a ilha não conta com pacotes turísticos, aeroportos ou qualquer agitação das grandes cidades.
Entretanto, o que falta em estrutura, compensa-se em beleza natural e autenticidade. Pinguins rockhopper, baleias e lobos-marinhos são algumas das atrações fascinantes da fauna local. Para os aventureiros, a trilha até o pico Queen Mary’s Peak revela um lago em formato de coração, e a subida obrigatoriamente requer a presença de um guia.
Tristão também abriga um pequeno museu, a Thatched House, duas igrejas e até um campo de golfe. Uma tradição peculiar ocorre na virada do ano, quando jovens se fantasiam para “assustar” os moradores, adicionando um toque de diversão à vida na ilha.

Museu The Thatched House é um dos atrativos turísticos da ilha | Foto: Divulgação
Um lugar onde o tempo anda devagar
A vida em Tristão da Cunha segue seu próprio ritmo. A cada seis semanas, um navio traz suprimentos, enquanto a internet é lenta e as condições climáticas, imprevisíveis. Para quem busca viver nessa ilha única, a residência é restrita apenas a familiares dos moradores, e a compra de propriedades não é permitida.
Apesar dos desafios cotidianos, a população valoriza sua existência tranquila e o forte senso comunitário. “Somos uma grande família”, afirmam, refletindo um laço que resiste ao tempo.
Um refúgio protegido no Atlântico Sul
Em 2020, foi criada uma área marinha totalmente protegida ao redor do arquipélago, estabelecendo uma das maiores reservas do mundo, com 687 mil km². Esta iniciativa visa preservar não apenas a biodiversidade única da região, mas também assegurar a sustentabilidade da pesca artesanal praticada por seus habitantes.
Descoberta em 1506 pelo navegador português que deu nome à ilha, ela começou a ser habitada apenas no século XIX, quando marinheiros britânicos aqui se estabeleceram. Desde então, a vida em Edimburgo dos Sete Mares permanece quase inalterada, um testemunho de um tempo que parece não existir na correria do mundo moderno.
Você já pensou em visitar um lugar assim? Compartilhe suas opiniões nos comentários e se deixe encantar por esta joia escondida do Atlântico.
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