Cecília Rodrigues Mota, identificada como uma das operadoras do esquema de irregularidades conhecido como “farra do INSS”, participou de uma reunião na Diretoria de Benefícios do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) em setembro de 2024. Na ocasião, Vanderlei Barbosa dos Santos, nomeado pelo governo Lula poucos meses antes, comandava a área e estava presente no encontro.
A visita de Cecília, registrada às 10h46 do dia 5 de setembro, tinha como objetivo discutir a validação de descontos de aposentados e pensionistas, um tema sob suspeita na operação Sem Desconto da Polícia Federal. Essa reunião, que ocorreu em formato híbrido, durou até as 13h30 e contou com a presença de representantes de diversas entidades citadas na operação, como a Contag e a Cobap, além de funcionários da Dataprev.
Cecília foi identificada no registro como representante da Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN), participando da apresentação do sistema Portal de Desconto de Mensalidade Associativa (PDMA), crucial para a operacionalização de novos processos. O documento aponta que os participantes levantaram questões sobre o funcionamento do sistema e a validação de dados.
A investigação da PF revela que Cecília e seu escritório movimentaram significativas quantias transferidas de associações vinculadas, totalizando mais de R$ 14 milhões. Relações financeiras entre suas entidades e servidores do INSS levantam preocupações sobre irregularidades. Além disso, Cecília presidiu associações ligadas a esse esquema entre março de 2017 e fevereiro de 2020.
As movimentações financeiras são alarmantes: transferências de R$ 630 mil para uma consultoria ligada a um procurador-geral do INSS afastado e R$ 520 mil para o filho de um ex-diretor da mesma instituição indicam um padrão de conexão e irregularidade. Cecília também esteve envolvida em investimentos com volumes atípicos, recebendo R$ 1,7 milhão e enviando R$ 2,8 milhões para suas próprias contas.
Além das transações financeiras suspeitas, o comportamento de viagem de Cecília é assombroso, com 33 deslocamentos internacionais e nacionais entre janeiro e novembro de 2024, incluindo destinos luxuosos como Dubai e Paris, revelando um estilo de vida incompatível com suas declarações de renda.
Em resposta às alegações, a defesa de Cecília Rodrigues Mota optou por não se manifestar publicamente, afirmando que todos os esclarecimentos seriam feitos em juízo. O desenrolar dessa história continua a chamar a atenção para as fraudes que cercam o INSS e os desdobramentos da operação que investiga essas práticas.
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