Em um cenário de crescimento acelerado, a Bahia se torna um campo de batalha entre desenvolvimento e a proteção de comunidades tradicionais. Entre 2013 e 2024, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) licenciou surpreendentes 39 empreendimentos em territórios quilombolas, dos quais 10 são complexos eólicos, enquanto o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) autorizou o avanço de 21 projetos entre 2010 e 2024, abrangendo rodovias e ferrovias. Esses empreendimentos, apesar de prometerem progresso, têm gerado apreensão entre especialistas que defendem os direitos territoriais.
Os ventos energéticos sopram forte em diversas regiões da Bahia, incluindo Caetité, Seabra, Morro do Chapéu e Santa Cruz Cabrália. Entre os nomes destacados, encontramos complexos como o Alto Sertão III e o Ventos de Santa Eugênia, cada um trazendo consigo a expectativa de desenvolvimento, mas também a sombra de um impacto negativo nas comunidades anfitriãs. O Complexo Eólico Assuruá 6, com 95 aerogeradores, destaca-se por sua capacidade instalada de 532 MW, um exemplo perfeito do potencial energético, mas que vem acompanhado de grandes questões sociais.
Além da energia eólica, as intervenções do Ibama se fazem sentir nas rodovias e ferrovias, com sete projetos licenciados que incluem partes das BRs 030, 101, 116 e 324. A Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) é um dos principais protagonistas, surgindo pela primeira vez em 2011, com o objetivo de conectar diversos municípios. Contudo, a falta de progresso palpável, com obras que somente atingem a fase de acessos e canteiros recentes, levanta preocupações em relação à eficácia e compromissos assumidos pelo governo.
A história se complica com a recente notícia de um contrato sem licitação para desenvolver um plano ambiental no Porto Sul, em Ilhéus, que promete movimentar grandes volumes de recursos, mas cuja implementação ainda esbarra em entraves administrativos. Desde 2023, o Ibama deu sinal verde para o empreendimento, mas o futuro da infraestrutura ainda é incerto, especialmente após a suspensão das obras da Fiol, com 75% do trecho 1 concluído.
Paralelamente, o Projeto Canal Xingó, iniciado em 2013, busca levar água do Rio São Francisco para zonas semiáridas, com um custo estimado de R$ 3,5 bilhões. Apesar das promessas de desenvolvimento agrícola e abastecimento humano, o impacto ambiental e social em territórios quilombolas continua a ser um tema de intensa discussão.
Diante de tantas transformações, a pergunta que fica é: estamos realmente avançando ou apenas pisoteando sobre a história e os direitos de quem vive nessas terras? Compartilhe suas opiniões e reflexões nos comentários abaixo. Sua voz é essencial nessa conversa.
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