A fome no Brasil, que habita as periferias e os sertões, é um desafio antigo que agora encontra resistência em iniciativas transformadoras. É nesse solo – que antes só trazia escassez – que se planta a esperança: onde havia pratos vazios, hoje se erguem histórias de dignidade e prosperidade.
O Plano Brasil Sem Fome (BSF), uma estratégia abrangente do Governo Federal, vai além da simples doação de alimentos. Une campo e cidade, agricultores e famílias vulneráveis, com um objetivo claro: garantir que a comida de verdade chegue a quem precisa, valorizando cada um que participa desse ciclo vital.
Da roça à mesa
Em Santarém, Pará, a história de Ádria Oliveira é um reflexo do potencial transformador do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Como filha de agricultores, Ádria foi testemunha da mudança que o programa trouxe à sua família e a muitas mulheres ao seu redor, proporcionando renda e autonomia. “Com o acesso ao PAA, conseguimos romper ciclos de violência doméstica e construir um futuro melhor”, relata.
O PAA se dedica a comprar diretamente de agricultores familiares, destinando esses alimentos a instituições públicas, como escolas e hospitais. “É gratificante ver que as mulheres da várzea, com os recursos do PAA, agora têm suas próprias embarcações para escoar a produção”, conta Ádria, evidenciando o poder das políticas públicas para transformar realidades.
Além de promover renda, o PAA fomenta a diversificação da produção e movimenta a economia local: “Ele alimenta o Brasil, ligando quem produz a quem consome, com produtos livres de venenos e repletos de histórias”, ressalta.
Fomento Rural
Uma outra iniciativa igualmente impactante é o Fomento Rural, que fornece recursos financeiros não reembolsáveis e assistência técnica a famílias em vulnerabilidade. Essa abordagem tem possibilitado que pequenos produtores realizem sonhos e ampliem sua produção de forma sustentável.
“Com o apoio do Fomento, as mulheres passaram a planejar e investir nos seus próprios negócios”, afirma Ádria, destacando que o programa fortalece o protagonismo feminino, reduzindo desigualdades e impulsionando as economias locais.
Água é vida
A água é fundamental. Na RESEX Tapajós-Arapiuns, o Programa Cisternas estabelece um divisor de águas, transformando a escassez em esperança. Luiza Ferreira, técnica do Projeto Saúde e Alegria, nasceu nesta região e leva tecnologias de acesso à água potável e saneamento às aldeias. “A alegria de quem recebe uma cisterna é indescritível. Eu saio das visitas radiante”, compartilha.
O programa deve instalar 744 tecnologias em 26 comunidades, simbolizando um começo de mudança. “Cada cisterna é uma semente de dignidade plantada no território”, reforça Luiza.
Cozinhas Solidárias
Se o PAA é a semente e o Fomento é o crescimento, as Cozinhas Solidárias colhem a essência do cuidado mútuo. Em Campinas (SP), a Cozinha São Marcos oferece quase 2 mil marmitas por semana, baseando-se em doações e alimentos do PAA. Mas, antes de tudo, quem chega ali recebe acolhimento.
“Aqui, o primeiro prato servido é afeto. A comida vem em seguida”, explica Márcia Muniz, coordenadora do espaço. Destacada pelo Papa Francisco durante a pandemia, a cozinha é um exemplo vivo de solidariedade: “Multiplicamos alimento e dignidade”, conclui o padre Antônio.
Comida é reparação
O Brasil que Alimenta evidencia que a fome não se vence com caridade, mas com políticas públicas robustas. Cada etapa – da água à colheita – forma uma rede que alimenta sonhos e reconstrói vidas. Enquanto houver um prato vazio, iniciativas como o PAA, o Fomento Rural e o Programa Cisternas estão aqui para lembrar que comida é um direito fundamental.
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