Ricardo Stoppe Jr., apontado pela Polícia Federal como um dos maiores grileiros da Amazônia, com mais de 500 mil hectares sob suspeita, viu sua imagem de empreendedor sustentável desmoronar. Antes de se tornar alvo de investigações por falsificação de documentos e corrupção, Stoppe era uma figura proeminente em eventos de sustentabilidade e destaque na mídia.
Por trás dessa fachada, estava um império ligado à emissão de créditos de carbono, com parcerias controversas, incluindo uma com a Moss. A Moss era uma empresa famosa que introduziu uma criptomoeda “verde”, lastreada em créditos de carbono, provenientes das fazendas de Stoppe. Quando ainda era elogiado, ele comentou sobre a parceria com a Moss, destacando como ela facilitou a venda desses créditos e a execução de ações antes inviáveis.
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Stoppe Jr. foi preso em uma operação da Polícia Federal relacionada a grilagem e corrupção.
Reprodução/Redes sociais
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Jeff Bezos foi mencionado nas estratégias de venda da criptomoeda verde.
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Luis Adaime, conhecido como CEO da Moss, estava à frente da criptomoeda lastreada em créditos de carbono.
Divulgação
Contudo, a cotação da criptomoeda MCO2 despencou de R$ 100 para centavos, mesmo antes de Stoppe Jr. ser investigado. Este ativo patrocinou o Flamengo e fez acordos com a Gol, além de auxiliar o banco C6 a “zerar” suas emissões de carbono. Parte das terras utilizadas como lastro para a criptomoeda, pertenciam à fazenda Ituxi, que fazia parte do vasto patrimônio do empresário.
Nas redes sociais, Stoppe Jr. se mostrava como um defensor ardente do bolsonarismo. Suas publicações frequentemente eram alvo de remoção por desinformação, e ele chegou a apoiar intervenções militares. Com um histórico de investimentos em créditos de carbono, ele declarava que uma unidade era equivalente a uma tonelada de CO2 que deixou de ser emitido, atraindo grandes multinacionais em busca de compensações ambientais.
Entretanto, a trajetória do empresário não foi limpa. Terras que ele alegava serem preservadas foram registradas de forma suspeita, revelando um esquema que envolvia corrupção em cartórios e documentos falsos, permitindo a duplicação da área registrada. Mensagens entre ele e seus associados mencionam propinas envolvendo oficiais de cartório e possíveis acordos ilícitos com autoridades locais.
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicou movimentações suspeitas de R$ 1,1 bilhão ligadas a Stoppe Jr. Informações revelam transferências substanciais a figuras relevantes na administração pública, implicando ainda mais o empresário em atividades ilícitas. O panorama se complica quando se descobre sua influência sobre policiais locais, sugerindo uma rede de corrupção complexa.
As investigações mostram que as ações de Stoppe Jr. impactaram profundamente a região, levantando questões sobre como empresários utilizam suas conexões para operar fora da lei e em contrariedade aos valores de preservação e sustentabilidade. O Metrópoles tentou contato, mas o empresário não se manifestou até o momento.
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