Neste sábado, o presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, fez um anúncio impactante: um cessar-fogo “imediato” em Sueida, no sul do país. O acordo, mediado pelos Estados Unidos, surge em um contexto de intensos confrontos entre tribos locais e combatentes drusos, que já resultaram em mais de 700 mortes, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Apesar da trégua anunciada, a violência persiste, especialmente com a chegada de grupos sunitas, que se uniram às tribos beduínas contra os drusos. Para conter a escalada do conflito, a presidência síria enviou uma “força especial” à região. Durante seu discurso, al-Sharaa enfatizou o compromisso do Estado sírio em proteger todas as minorias, condenando também os crimes ocorridos em Sueida.
O emissário dos Estados Unidos, Tom Barrack, anunciou que o acordo entre o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e al-Sharaa visa evitar uma escalada de violência. Desde o dia 13 de julho, a cidade de Sueida, reduto druso, tem sido palco de confrontos que causaram um elevado número de fatalidades. O governo sírio optou por retirar suas tropas da área para evitar um conflito direto com Israel, que já havia bombardeado alvos em Damasco, preocupando-se com a minoria drusa presente nas Colinas de Golã ocupadas desde 1967.
Com a responsabilidade de manter a segurança na região agora nas mãos dos drusos, surgem preocupações quanto à efetividade do cessar-fogo. A presidência síria já acusou os drusos de descumprir o acordo, um desafio que o novo governo enfrenta ao tentar garantir a proteção das minorias, em meio a episódios de violência que questionam sua promessa.
A situação humanitária em Sueida é alarmante. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) expressou grave preocupação com o colapso dos serviços essenciais. “As pessoas estão desamparadas. Os hospitais lutam para atender os feridos, e a escassez de água e medicamentos é alarmante”, declarou Stephan Sakalian, chefe da delegação do CICV na Síria. Anedoticamente, um médico local relatou que o único hospital da cidade já recebeu mais de 400 corpos em apenas três dias.
Além disso, a ONU pediu uma investigação rápida e transparente sobre a violência em curso. O alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk, destacou a urgência de parar o derramamento de sangue e garantir a proteção das pessoas, sublinhando a necessidade de responsabilização por quaisquer violações.
Estima-se que cerca de 80 mil pessoas foram deslocadas devido aos recentes confrontos, sendo que, antes do início da guerra civil em 2011, a comunidade drusa na Síria contabilizava cerca de 700 mil indivíduos. A trágica realidade retrata não só um conflito, mas a luta contínua pela paz e segurança em uma região marcada por divisões e violência. O que você pensa sobre a situação? Compartilhe suas reflexões nos comentários.
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