Tarifa dos EUA dificulta retomar equilíbrio entre déficit em conta corrente e IDP

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Recentemente, o cenário econômico do Brasil tem sido marcado por um crescente déficit em conta corrente, que já alcançou impressionantes US$ 73,135 bilhões, representando 3,42% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa realidade levanta uma bandeira vermelha para economistas e analistas, pois, segundo especialistas, o superaquecimento da economia brasileira é um dos principais fatores por trás desse aumento.

Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, afirma que a magnitude do déficit é um sinal claro de que o crescimento do país está fora de controle. “Um saldo próximo a 4% do PIB não indica uma economia funcionando em seu potencial ideal”, explica. Em tempos normais, o crescimento anual do PIB estaria em torno de 2%, mas atualmente, a demanda interna tem impulsionado as importações e exacerbado o desequilíbrio.

A balança comercial, as transações de serviços e a crescente demanda por serviços digitais são outros fatores que levaram à deterioração da conta corrente. A economista Luíza Pinese, da XP Investimentos, destaca que a compra de serviços de streaming e outros produtos digitais contribuiu significativamente para esse déficit, que só tende a aumentar.

Historicamente, o Brasil contava com um robusto fluxo de Investimento Direto no País (IDP) capaz de cobrir seu déficit externo. No entanto, 2025 trouxe incertezas, principalmente devido às tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, que afetam o fluxo de capital que o Brasil recebeu. O país norte-americano é responsável por cerca de 25% do total de investimentos estrangeiros no Brasil, e a continuação de tensões comerciais pode enfraquecer ainda mais essa situação.

Lucas Farina, analista econômico da Genial Investimentos, alerta que, se a situação se prolongar, a pressão sobre a taxa de câmbio aumentará, impactando a inflação com uma elevação nos preços. Se o IDP continuar a cair, não apenas a taxa de câmbio será impactada, mas a inflação deve aumentar, já que o custo das importações provavelmente aumentará. As projeções indicam um câmbio ao redor de R$ 5,67 e um crescimento do PIB de 2,4% em 2025.

Promover medidas que reequilibrem as contas externas, como uma desaceleração da atividade econômica ou uma desvalorização da moeda, é fundamental para evitar um cenário de inflação elevada e uma possível retração no ciclo de cortes da Selic, que atualmente se encontra em 15%. A expectativa é que o déficit nas transações correntes neste ano atinja US$ 68 bilhões, enquanto o investimento estrangeiro deve atingir apenas US$ 66 bilhões, apontando para um quadro desafiador.

O que você acha das medidas que podem ser adotadas para melhorar esse cenário econômico? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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