Estudo aponta que Bahia é o estado que mais mata defensores de direitos humanos no Brasil

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No Brasil, a Bahia se destaca por uma razão alarmante: é o estado onde mais defensores de direitos humanos perdem suas vidas. Um estudo revelador, intitulado “Na Linha de Frente — Violência contra Defensoras e Defensores de Direitos Humanos no Brasil”, realizado pelas organizações Justiça Global e Terra de Direitos, confirmou essa tragédia. Durante o período analisado, entre 2023 e 2024, a Bahia registrou 10 dos 55 assassinatos de defensores, representando 18% do total nacional.

O levantamento aponta que, ao longo dos dois anos, 486 casos de violência foram registrados, com um foco preocupante nas comunidades de povos originários, ribeirinhos e quilombolas. Neste contexto, a Bahia ocupa a segunda posição no ranking nacional de violência, com 50 casos, superada apenas pelo Pará, que teve 103 incidentes. Essa estatística revela um cenário de grave vulnerabilidade para aqueles que lutam pelos direitos fundamentais.

Entre os assassinatos mais chocantes, estão os de Mãe Bernadete, uma ialorixá e líder quilombola, morta em sua própria casa com 25 tiros, mesmo sob proteção oficial, e Maria Fátima Muniz, a Nega Pataxó, uma respeitada liderança espiritual, que foi assassinada em um ataque brutal durante a retomada de terras indígenas. Essas histórias profundas são simbolismos da luta por justiça e dignidade.

A análise revela que a violência na Bahia está intimamente ligada à luta por terra, território e meio ambiente, afetando diretamente comunidades indígenas, quilombolas e camponesas. Esses grupos enfrentam conflitos com fazendeiros e interesses empresariais que utilizam métodos agressivos, como ameaças, ataques armados e processos judiciais abusivos para intimidá-los.

Sandra Carvalho, co-fundadora da Justiça Global, destaca que a situação se agrava com a intensificação da violência policial e a atuação de milícias rurais, apressadas pela aprovação do Marco Temporal. Essa nova lei de 2023 propõe que a demarcação de terras indígenas considere apenas as áreas ocupadas até 5 de outubro de 1988, desrespeitando a realidade dos deslocamentos forçados ao longo dos anos. A urgência de fortalecer políticas de proteção a esses defensores é inegável.

Recentemente, uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região manteve em liberdade um acusado de violência contra defensores, reacendendo debates sobre a segurança destes heroicos cidadãos. O padrão de violência identificado no estudo é claro: a maioria das vítimas luta em defesa de seus territórios e do meio ambiente, enfrentando riscos altos, inclusive a utilização de armas de fogo e a omissão de agentes estatais, intensificando um ciclo de impunidade.

Este é um chamado à consciência coletiva. É crucial que todos nos unamos para proteger aqueles que se dedicam a defender direitos fundamentais e lutar por justiça. O que você pensa sobre essa situação? Compartilhe suas reflexões e ideias nos comentários!

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