O discurso da modernização da TV no Brasil tomou um novo rumo. Inicialmente agendada para 19 de agosto, a assinatura do Decreto da TV 3.0 foi remarcada para 27 de agosto. O governo alegou que o Set Expo, o principal evento de mídia e entretenimento do país, aconteceria na mesma data, o que poderia diminuir a presença no ato em Brasília.
Entretanto, informações de bastidores sugerem que a iniciativa de transmitir o evento simultaneamente em outras plataformas estava planejada. Essa mudança de data levantou questões sobre possíveis divergências internas relacionadas à escolha da tecnologia, exacerbando desconfianças no setor.
Desde a gestão de Bolsonaro, a disputa entre as tecnologias de transmissão — americana (ATSC 3.0), europeia (DVB 2.0) e japonesa (ISDB-T avançado) — tem sido intensa. O atual governo de Lula enfrenta desafios adicionais, especialmente devido à rivalidade entre o Brasil e a administração de Donald Trump nos EUA, dificultando a aceitação pública de uma tecnologia de origem americana.
Para navegar por esse labirinto, o governo se comprometeu com um sistema híbrido, unindo tecnologias internacionais e inovações locais. A ATSC, representada por Madeleine Noland, sua presidente, estará presente no Set Expo para discutir oportunidades comerciais.
Inovações que a TV 3.0 proporcionará:
• Customização de conteúdo através do login do usuário, permitindo uma experiência mais pessoal e direcionada;
• Análise do comportamento do consumidor, propiciando publicidade segmentada;
• Exibição com qualidade superior em áudio e vídeo, incluindo 4K, HDR e áudio imersivo, com ajustes específicos para esportes;
• Integração com a internet e serviços digitais inovadores;
• Sincronização entre a programação de TV aberta e plataformas de streaming, além da distribuição de conteúdos locais e nacionais.
Entretanto, os consumidores precisarão de um adaptador compatível, cuja produção ainda não foi iniciada. A liberação do decreto é esperada como um passo crucial para desbloquear investimentos na fabricação de novos televisores.
Em resposta às questões levantadas, o Ministério das Comunicações enfatizou que a definição do padrão da TV 3.0, iniciado em 2023, sempre considerou tecnologias globais, sem alterar as escolhas técnicas desde o ano passado. Mais de mil patentes de diferentes países foram incorporadas, com colaborações que incluem EUA, Coréia do Sul, Alemanha, e muitos outros.
A proposta de um novo padrão surgiu do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre, após debates com acadêmicos, a administração pública e o setor privado. Essa jornada em direção à TV 3.0 não é apenas uma ação tecnológica, mas um reflexo das complexas relações geopolíticas em um mundo cada vez mais interconectado.
Facebook Comments