Walter Viterbo: “Dor deve ser tratada por todas as especialidades médicas”

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ABRE ASPAS

Especialista defende abordagem multidisciplinar, alerta sobre automedicação e aponta avanços em terapias como a acupuntura

Por Pedro Hijo

24/08/2025 – 2:26 h

Acumputurista Walter Viterbo no consultório

Acupunturista Walter Viterbo no consultório –

O médico Walter Viterbo, especialista em acupuntura, anestesiologia e medicina da dor, defende a importância de todos os profissionais de saúde terem uma base sólida sobre o tratamento da dor. Recentemente, ele presidiu a 7ª Jornada Norte-Nordeste de Acupuntura e Dor, em Salvador, que reuniu profissionais de diversas áreas, como ortopedia e reumatologia, para discutir novos avanços na abordagem multidisciplinar.

Viterbo ressalta que é fundamental aumentar a divulgação da especialidade entre médicos e pacientes. O evento não só abordou dores físicas, mas também a influência de fatores emocionais, como estresse e ansiedade, e a acupuntura como recurso terapêutico complementar. Ele destaca que práticas integradas podem levar a tratamentos mais eficazes e seguros, alertando sobre os riscos da automedicação.

Como surgiu a ideia da jornada?

A jornada ocorre há sete anos com o objetivo de reunir os principais profissionais na área de acupuntura e dor. Este ano, contou com a presença de 23 especialistas de áreas como oncologia, reumatologia e cuidados paliativos. Antigamente, especialistas em ginecologia e oncologia não tinham tanto envolvimento, mas agora reconhecem a importância de aprender a tratar a dor. O evento atraiu quase 300 profissionais e rendeu discussões valiosas, como o uso do canabidiol no tratamento da fibromialgia e inovações nas técnicas cirúrgicas, como procedimentos realizados por endoscopia.

A dor é um problema multidisciplinar?

Sim, a dor deve ser uma preocupação em todas as especialidades médicas. Viterbo destaca que, há tempos, profissionais como urologistas não viam a necessidade de tratar a dor diretamente, encaminhando pacientes apenas para medicações. Agora, cada especialidade pode e deve assumir um papel ativo no controle da dor, sem esperar o agravamento da situação. Isso transforma cada especialista em um potencial agente de início de tratamento.

Acumputurista Walter Viterbo em entrevista para o Abre-Aspas

Acupuntor Walter Viterbo em entrevista para o Abre-Aspas | Foto: José Simões/Ag A TARDE.

Quais os desafios da medicina da dor no Brasil?

Viterbo aponta que a qualificação dos profissionais é um dos principais desafios. O número de especialistas em dor é ainda pequeno comparado a outras áreas. Para atender a demanda, é crucial aumentar o número de médicos qualificados, promovendo maior conscientização sobre a especialidade e seus benefícios tanto para os profissionais quanto para os pacientes.

Como o estresse e a ansiedade impactam a dor?

A emoção influencia diretamente a dor. O estresse, a ansiedade e a depressão podem agravar quadros já existentes. Além disso, pessoas que não tinham dor, mas enfrentam longos períodos de estresse, podem desenvolver tensões que levam a dores musculares. A interação entre condições emocionais e dor física é uma realidade percebida frequentemente em consultórios.

A vida moderna contribui para dores?

As dores mais comuns que levam pacientes a procurar um médico incluem lombalgia, enxaqueca e dores reumatológicas. O surgimento dessas condições tem aumentado, em grande parte, devido ao estilo de vida moderno, exacerbado pela pandemia, que trouxe novas rotinas de trabalho e estresse. Além disso, hábitos como má alimentação e sedentarismo têm contribuído para o aumento de dores.

Qual a evolução da acupuntura e suas aplicações?

A acupuntura, que é uma prática antiga, tem se adaptado ao longo do tempo. Apesar de seus fundamentos se manterem, novas tecnologias, como eletroestimulação e laser, vêm sendo incorporadas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 30 doenças são reconhecidas como tratáveis por acupuntura. As condições que apresentam bons resultados incluem dores de coluna, de cabeça e problemas reumatológicos, assim como questões emocionais como ansiedade e estresse.

Quais os riscos da automedicação?

A automedicação é um grande risco. Cada pessoa reage de forma diferente aos medicamentos, e as condições podem variar dentro do mesmo indivíduo. É essencial uma anamnese detalhada e exames de qualidade para um diagnóstico eficaz. Sem isso, as estratégias terapêuticas podem ser inadequadas ou prejudiciais, fazendo valer o princípio de “primeiro, não prejudicar”. A ideia é fazer com que o paciente saia da consulta melhor do que entrou.

O tema da dor é mais relevante do que nunca. Como você lida com esse problema? Compartilhe sua experiência ou opinião nos comentários.

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