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Entrevista com o cantor e compositor Manno Góes
Manno Góes, compositor e escritor, lançou seu novo livro, *A Fraternidade (P55 Edição)*, nesta terça-feira na Casa Rosa, no Rio Vermelho. Ele optou por não utilizar Inteligência Artificial (IA) na edição da obra. Manno acredita que mesmo reconhecendo a utilidade da tecnologia, ela não pode substituir a criatividade e a essência do autor. “A IA não pode ser fio condutor”, afirma. Além de seu papel como artista, Manno é diretor da União Brasileira de Compositores (UBC) e defende a valorização dos direitos autorais. Em uma conversa franca, ele compartilha suas preocupações sobre o mercado digital e a remuneração dos criadores no Brasil.
O que mudou em seu processo criativo desde seu primeiro livro em 2014?
Manno descreve seu primeiro livro, *Acarajé Bour Mercier*, como uma obra escrita “com o fígado”. Agora, *A Fraternidade* é o resultado de 15 anos de experiências e reflexões. Ele amadureceu tanto como pessoa quanto como escritor nesse tempo e fez um trabalho criterioso na edição do novo livro. “Os personagens têm suas autonomias, mas carregam parte da minha vivência”, explica. Ele acredita que essa obra agora se apresenta de forma mais honesta.
Você fez uso da Inteligência Artificial ao revisitar o texto?
Manno esclarece que, apesar de considerar a IA útil, no caso de *A Fraternidade*, o livro já estava concluído antes de qualquer revisão. Ele fez cortes e ajustes na estrutura, mas priorizou a criação humana. “Não é saudável deixar de ser sujeito da criação”, adverte. Ele utiliza a tecnologia como um apoio, mas não como substituta.
Quais são os riscos que a IA apresenta para a criação artística?
Segundo Manno, é essencial regular o uso da IA. Ele ressalta que a tecnologia se baseia em referências existentes para gerar novos conteúdos. Isso não elimina a obrigação de pagar direitos autorais. O artista deve ser remunerado, mesmo quando a obra resulta parcialmente de uma ferramenta automatizada. “A qualidade das músicas criadas só pela IA ainda possui limitações”, afirma.
Como você vê a remuneração dos compositores nas plataformas de streaming?
Manno critica a forma atual de pagamento dos serviços de streaming, que não beneficiam adequadamente os compositores. Ele aponta que a música digital é predominante, mas os pagamentos são injustos, principalmente para artistas independentes. “A tecnologia democratizou o acesso, mas a concorrência aumentou exponencialmente”, destaca, ressaltando que novas músicas surgem todos os dias, dificultando a visibilidade para novos talentos.
Qual é o futuro da composição no Brasil?
O compositor sempre teve um papel central na música brasileira, e Manno expressa preocupação com a valorização dessa profissão. Ele critica a resistência de prefeituras e rádios em remunerar autores. “Sem música não existe festa, e sem autor não existe música”, conclui. Manno também fala sobre uma decisão judicial em Santa Catarina que reconheceu a obrigação de pagamento ao Ecad mesmo quando se utilizam músicas criadas por IA, reforçando a importância de respeitar os direitos autorais.
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