INFÂNCIA EM RISCO
Riscos Emocionais da Adultização; Famílias Reconhecem Práticas Comuns
Por Andrêzza Moura
13/08/2025 – 23:11 h

Especialistas alertam para a adultização de crianças em casa –
A palavra “adultização” voltou a ser discutida após um youtuber denunciar práticas nocivas com crianças, como a exposição a conteúdos inadequados e comportamentos sexualizados. Contudo, esse fenômeno não ocorre apenas no mundo digital; ele se infiltra nas dinâmicas familiares, muitas vezes de maneira invisível.
Frases aparentemente inofensivas como “já tem namoradinho(a)?” ou “essa vai dar trabalho quando crescer” são exemplos de como naturalizamos a adultização. Incentivos como o uso de maquiagem, roupas provocativas e o encorajamento à maturidade emocional exacerbada também fazem parte desse quadro preocupante.
Atitudes Inocentes em Família
Patrícia Dias, mãe de dois filhos, reflete sobre sua criação passada. Ao olhar para trás, reconhece que suas ações, antes vistas como normais, podem ter acelerado a infância de seu filho. “Eu nunca percebi como incentivava comportamentos que encurtavam sua infância,” admite.

A auxiliar de disciplina se esforça para criar sua filha de maneira diferente, respeitando seu tempo de criança. “Reconheço que às vezes falo coisas que podem parecer inofensivas, como a comparação com uma ‘minimoça’,” observa.
“Às vezes, peço para ela repetir certas dancinhas ou expressões que acho engraçadas, sem perceber o quanto isso pode impactar seu desenvolvimento,” reflete.
Shirlene Apolinário, professora, também luta para preservar a infância de sua filha mais nova, Sophia, de 3 anos. Apesar de sua cautela, admite que, por vezes, se pega impondo expectativas que não são adequadas para a idade dela. “Digo que ela já está uma mocinha ou que não deveria fazer certas coisas. Com Maria Júlia, a filha mais velha, eu agia da mesma forma,” conta.

A adultização vai além do vestuário e acessos; trata-se de uma pressão emocional que pode comprometer o desenvolvimento das crianças.
Visão dos Especialistas
A neuropsicopedagoga Tathiana Moráes explica que a adultização não se limita à exposição de conteúdos prejudiciais, mas também à sobrecarga emocional. Ela alertou que o envolvimento das crianças com problemas adultos pode comprometer sua capacidade de atenção e aprendizado.

Tathiana destaca que crianças pressionadas a agir como adultos podem enfrentar conflitos internos sobre sua identidade e perder experiências fundamentais. Para a psicóloga Mariana Félix, isso pode resultar em respostas emocionais ajustadas para a idade e ansiedade excessiva. “Precisamos estar atentos e criar um ambiente seguro para as crianças,” enfatiza.

Ela sugere estratégias eficazes para minimizar esses impactos: manter rotinas de brincadeiras, distanciar as crianças de conflitos adultos e promover a curiosidade infantil. Cada uma dessas ações pode fazer uma diferença significativa no desenvolvimento emocional e psicológico das crianças.
O que você acha sobre a adultização infantil? Já percebeu essas atitudes em seu convívio? Compartilhe sua opinião nos comentários!
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