Na sessão da CPMI do INSS, um cenário intrigante começou a se desenhar nesta quarta-feira (20). Os membros receberam pedidos para quebrar os sigilos bancário e fiscal de dirigentes do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). Esta entidade, ligada à Força Sindical, tem entre seus líderes o vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Lula.
Os requerimentos, apresentados pela deputada Adriana Ventura (Novo-SP), exigem não só a convocação do presidente do Sindnapi, Milton Baptista de Souza, o Milton Cavalo, mas também da advogada Tonia Andrea Inocentini Galleti, que atua como coordenadora jurídica da entidade. Frei Chico não fica para trás, somando diversos pedidos de convocação.
Além disso, os requerimentos incluem a quebra do sigilo da empresa Gestora Eficiente LTDA, voltada para o tratamento de fichas de aposentados que se associaram ao sindicato, recebendo comissões cada vez que um desconto era aplicado. De acordo com as notas fiscais, essa empresa arrecadou no mínimo R$ 4,1 milhões entre 2020 e 2023.
Curiosamente, na quarta-feira (13), Carlos Afonso Galleti Júnior, marido de Tonia, decidiu encerrar a Gestora Eficiente, ação que foi registrada na Junta Comercial do Estado de São Paulo apenas nesta terça-feira (19). Os requerimentos fazem referência a uma reportagem que apontou pagamentos realizados a familiares de Milton Cavalo e Tonia Galleti através da empresa.
O documento destaca que a quebra de sigilo de Tonia Galleti é essencial para esclarecer as “graves irregularidades investigadas”. Ela é descrita como uma figura central na estrutura do sindicato, cuja atuação possibilitou um crescimento repentino das receitas, levando a uma transferência de recursos a empresas relacionadas a familiares de dirigentes.

Além disso, documentos obtidos pelo portal Metrópoles revelam que a Gestora Eficiente fez pagamentos a familiares de Tonia Galleti, sugerindo um ciclo de favorecimento. O texto argumenta que Tonia não pode ser desvinculada de qualquer responsabilidade relacionada à validação de contratos que canalizaram recursos públicos para sua própria família.
A deputada Ventura também pediu a convocação de Luís Felix Cardamone Neto, CEO do Banco Bmg, empresa que teve parcerias com o Sindnapi e enfrentou uma onda de reclamações de aposentados. Supõe-se que seus dados tenham sido usados sem consentimento para vincular essas pessoas ao Sindnapi durante a busca por empréstimos consignados.
Ao ser procurado, o Sindnapi declarou apoiar as investigações, desde que feitas de forma justa. A entidade reforçou que seus dirigentes estão tranquilos e confiam na sua inocência. “Estamos aqui há 25 anos, sempre defendendo os interesses dos aposentados e pensionistas. Acreditamos em uma apuração que separe o joio do trigo”, disse a entidade.
Adriana Ventura também não parou por aí. Um pedido foi enviado ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça para quebrar o sigilo bancário da offshore de Daugliesi Giacomasi na Flórida. Registada em Boca Raton sob o nome Dau & Be Investments LLC, a empresa foi criada em janeiro deste ano, mas Daugliesi nega qualquer irregularidade, afirmando que é um meio para atuar profissionalmente nos EUA.
Porém, o requerimento levanta dúvidas quanto à real finalidade da offshore, sugerindo que possa ter sido criada para blindar patrimônio e controlar contas no exterior, além de potencialmente adquirir bens com recursos do sistema previdenciário, que estariam desviados. Ademais, foi ressaltado que Daugliesi prestou serviços de decoração ao hotel do Sindnapi em Praia Grande (SP), sem que os valores pagos fossem divulgados, o que aumenta as suspeitas sobre o uso da offshore.
A situação continua a se desenvolver e promete desdobramentos significativos. Compartilhe suas opiniões e reflexões sobre este tema nos comentários!
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