Escritores indígenas alertam para crise climática e cobram mudanças estruturais no consumo e produção

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Na sede do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Rio de Janeiro, ocorreu um diálogo revelador entre os escritores indígenas Daniel Munduruku e Márcia Wayna Kambeba. O assunto em questão? A intrínseca relação entre os povos originários e a natureza, um elo que se manifesta nas obras ‘Das Coisas que Aprendi: Ensaios sobre o Bem-Viver’ e ‘Saberes da Floresta’.

Mais do que meras publicações, esses livros oferecem uma profunda reflexão filosófica e experiências vividas em harmonia com os ecossistemas. Na visão dos autores, essa sabedoria ancestral contrasta radicalmente com a lógica capitalista ocidental, que prioriza o individualismo e o consumo desenfreado.

Para Munduruku, a crise climática reflete uma desconexão essencial entre o ser humano e a natureza. “Não há como a sociedade capitalista se transformar em uma coletividade. A valorização do coletivo, que abrange todos os seres vivos, é fundamental. Nenhum ser da natureza vive isoladamente”, enfatiza. Ele critica a mentalidade linear do Ocidente, que busca um futuro idealizado, enquanto para os indígenas, a verdadeira riqueza reside no presente.

Às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro em Belém (PA), uma onda de ceticismo permeia as falas dos escritores. Márcia Kambeba ressalta que o sucesso desse evento depende de ações tangíveis e acordos firmes: “A COP deve priorizar a preservação da natureza e despertar a consciência sobre os impactos ambientais do nosso consumo. Muitas pessoas evitam discutir este assunto.”

Munduruku complementa essa crítica, argumentando que, sem uma renovação radical do sistema atual, o encontro poderá reforçar interesses econômicos, em vez de realmente preservar o meio ambiente. “A COP30 não é uma conferência para salvar a natureza; é uma reunião para salvar a economia mundial”, afirma, apontando uma contradição fundamental.

Ele também observa que figuras indígenas como Davi Kopenawa podem ter um impacto simbólico, mas a eficácia prática de suas falas está limitada: “Não adianta chamar Davi para um discurso. A verdadeira defesa é pela vida no planeta, enquanto os banqueiros apenas se preocupam com suas riquezas.”

A essência das reflexões de Munduruku e Kambeba transcende a literatura, ela se transforma em um manifesto de resistência e inovação. Ao abordar a crise climática, ambos ressaltam que o futuro da Terra exige a escuta atenta dos saberes ancestrais dos povos originários. Que mudanças você deseja ver em nosso mundo? Compartilhe suas ideias!

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