Mais de cem pessoas ficaram feridas e um torcedor morreu
O Pacaembu, ícone do futebol paulista, já foi cenário de jogadas memoráveis e vitórias icônicas. Em um dia triste, em 20 de agosto de 1995, o que deveria ser apenas mais um torneio se transformou em um episódio devastador. Nesse dia, o estádio abrigaria Palmeiras e São Paulo pela Supercopa de Juniores, enquanto na parte da tarde Corinthians e Bragantino jogariam a primeira rodada do Campeonato Brasileiro. Contudo, uma série de erros de planejamento transformaram um cotidiano nublado em um espetáculo de violência.
A final da Supercopa de Juniores, que reunia 7 mil torcedores, teve sua atmosfera comprometida pela interdição parcial do Pacaembu. O setor do tobogã, fechado para reformas, ainda apresentava entulho e estruturas comprometidas. Essa negligência estrutural se tornaria um elemento crucial para o que aconteceria a seguir.
O jogo, com suas tensões naturais, terminou sem gols, mas logo após a prorrogação, o Palmeiras garantiu a vitória. Foi aí que a euforia se descontrolou. Torcedores palmeirenses invadiram o campo, provocando a ira dos são-paulinos. Em instantes, a festa se transformou em um verdadeiro campo de batalha.
Os são-paulinos, em maior número, revidaram, derrubando cercas e atacando os palmeirenses com paus e pedras, transformando o gramado em uma cena de guerra. O repórter Osvaldo Paschoal, que presenciou a cena, descreveu a violência como aterradora, com torcedores sendo espancados sem piedade. O efeito da briga foi catastrófico.
A resposta policial foi insuficiente. Com apenas 65 agentes para controlar o tumulto, a ordem foi restabelecida tarde demais. Essa falta de preparo resultou em 80 feridos entre torcedores e 22 policiais. Infelizmente, o trágico destino de Márcio Gasparin da Silva, um torcedor de 16 anos, foi o mais impactante: ele faleceu dias depois devido a lesões sofridas durante a briga.
O caso teve repercussões legais. O agressor de Márcio foi condenado a 12 anos de prisão, mas a luta por justiça não teve fim. A família não conseguiu responsabilizar a Prefeitura de São Paulo, que foi considerada inocente. Esse episódio teve um impacto crucial nas torcidas organizadas, levando a Ministério Público a extinção de algumas delas, resultando em restrições severas durante os clássicos paulistas.
Embora as medidas tenham sido implementadas, a violência entre torcedores continuou. O desafio cultural que permeia o futebol brasileiro ainda persiste. O foco na educação e na conscientização é uma hipótese para evitar que tais tragédias se repitam. As palavras de Paschoal ressoam: o problema não é apenas de leis, mas uma questão de cultura e educação.
Diante das novas realidades nas arquibancadas, o episódio do Pacaembu ainda se impõe como um lembrete gráfico do que se perdeu. Cada nova briga entre torcedores traz à tona a memória daquele domingo trágico, um alerta do que o futebol brasileiro ainda precisa enfrentar.
O que você pensa sobre a violência no futebol? Acha que há soluções viáveis? Comente abaixo e compartilhe suas ideias.
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