Nos últimos 12 meses, o desmatamento na Amazônia apresentou um aumento preocupante de 4%, atingindo 4.495 quilômetros quadrados (km²) sob alerta, de acordo com dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Este cenário se agrava se comparado ao período anterior, que registrou 4.321 km² em situação semelhante.
Essas estatísticas são fruto do trabalho do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que, através do sistema Deter, monitora o desmatamento em tempo real. Para análises mais precisas, o Inpe também utiliza o Prodes, que oferece um retrato detalhado da perda de vegetação no bioma amazônico, com dados coletados de agosto do ano anterior a julho do ano seguinte.
A ministra Marina Silva, do MMA, reafirmou o compromisso do Brasil com a meta global de zerar o desmatamento até 2030. Embora reconheça que o desmatamento tenha se estabilizado, alertou que essa conquista não será suficiente se as emissões de CO2 continuarem a crescer. “A floresta não sobreviverá apenas com o fim do desmatamento”, enfatizou.
Rondônia e Pará mostraram avanços, com quedas de 35% e 21% nos alertas de desmatamento, respectivamente. Contudo, o Mato Grosso destacou-se negativamente, com um aumento alarmante de 74% nos alertas, influenciado por incêndios no segundo semestre de 2024. A temporada de queimadas na Amazônia, que historicamente intensifica em agosto, já soma 7.738 focos de calor, uma redução de 74% em relação ao ano passado.
Desde 2023, o governo federal aprovou R$ 405 milhões do Fundo Amazônia para fortalecer a atuação dos Corpos de Bombeiros na prevenção e combate a incêndios florestais em todos os estados da Amazônia Legal.
No que diz respeito ao Cerrado, a situação é mais otimista, com uma redução de 20,8% na área sob alerta de desmatamento, caindo de 7.014 km² para 5.555 km². O Pantanal, por sua vez, viu uma drástica diminuição de 72%, passando de 1.148 km² para apenas 319 km² em 12 meses.
O Greenpeace Brasil, ao comentar os resultados, reconheceu o esforço feito, mas alertou sobre as mudanças no licenciamento ambiental, afirmando que a continuidade da redução do desmatamento pode ser inviabilizada se as regras forem afrouxadas. “O presidente deve vetar qualquer decisão que fragilize as políticas de proteção ambiental”, afirmou Ana Clis Ferreira, porta-voz da organização.
Marcio Astrini, do Observatório do Clima, afirmou que, apesar da diminuição, os números ainda são alarmantes e inaceitáveis. Ele destacou que a proteção da Amazônia não pode ser comprometida por forças que buscam sabotar os esforços em prol do meio ambiente.
Nesse contexto, um fator de preocupação é o PL 2159/2021, apelidado de “PL da devastação”, que está nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Críticos alertam que a aprovação desse projeto pode afrouxar regulamentos essenciais para o licenciamento ambiental, permitindo, por exemplo, que importantes estradas, como a BR-319, operem sem as licenças necessárias. O presidente tem até esta sexta-feira (8/8) para decidir sobre o veto.
Sabendo que o futuro da Amazônia e de outros biomas depende de ações coletivas e conscientes, como você vê a situação atual? Deixe sua opinião nos comentários e participe dessa discussão vital para o nosso país.
Comentários Facebook