A ambição de Tarcísio de Freitas em se candidatar à presidência em 2026 é inegável. Com o respaldo de segmentos expressivos da direita, do empresariado paulista e do agronegócio, sua trajetória política parece promissora. Contudo, a jornada até a candidatura real é repleta de incertezas, e nem mesmo ele sabe se está pronto para esse desafio. A tradição aponta que governadores de São Paulo frequentemente são apontados como potenciais candidatos, mas a história ensina que essa trajetória é repleta de obstáculos.
Desde 1930, apenas Jânio Quadros, que governou São Paulo, conquistou a presidência, e sua passagem foi marcada por uma renúncia apenas seis meses após assumir. Desde a redemocratização, apenas Fernando Collor, então governador de Alagoas, conseguiu o feito. Apesar de 11 ex-governadores terem disputado a presidência em 17 ocasiões, os resultados não foram favoráveis. Ciro Gomes, por exemplo, participou quatro vezes, sem sucesso. Outros, como Leonel Brizola e José Serra, tentaram duas vezes, mas enfrentaram derrotas.
Nesse cenário, a candidatura de Tarcísio está intrinsicamente ligada a Bolsonaro, cuja decisão sobre seu apoio em 2026 poderá mudar o rumo das coisas. Apesar de Michelle Bolsonaro se destacar nas pesquisas, seu papel como mulher no eleitorado evangélico pode ser um limitador. Seus filhos, Eduardo e Flávio, também possuem desafios que complicam sua capacidade de atrair votos.
Bolsonaro, ciente disso, pode preferir lançar um de seus filhos como candidato, ainda que isso preserve sua relevância política. Tarcísio, com sua formação militar, tem uma visão pragmática, e sua possível vitória seria celebrada internacionalmente, principalmente por Donald Trump, que veria nisso uma chance de fortalecer laços entre os dois países.
Os desafios são visíveis: Tarcísio deve arriscar uma candidatura sem o apoio de Bolsonaro, enquanto o ex-presidente precisa considerar a possibilidade de renunciar a sua influência política ao apoiar um candidato que potencialmente poderia se reeleger. No fundo, ambos se encontram em um dilema que pode moldar o futuro político do Brasil.
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