SALVADOR
Azulejos, Marés e Memórias: A Arte Ambiental de Zé di Cabeça na Pivô Salvador
Por Eugênio Afonso
13/08/2025 – 3:11 h

Obras criadas a partir de materiais encontrados nas ruas e no Porto das Sardinhas –
Salvador testemunha a primeira exposição individual do artista baiano José Eduardo Ferreira Santos, o Zé di Cabeça, em celebração ao Acervo da Laje, que marca seus 15 anos de memória e pesquisa cultural no Subúrbio Ferroviário. A mostra, que permanece em cartaz até 30 de agosto na Pivô Salvador (Boulevard Suíço, Nazaré), é um convite à reflexão sobre as camadas simbólicas e políticas de seu território.
Inédita, “Zé di Cabeça – Porto das Sardinhas” dá início ao programa expositivo da Pivô, que inclui ações e diálogos enriquecedores, enquanto comemora seu segundo ano de atuação em Salvador.
Nesta mostra, Zé abre um recorte de sua produção recente, com centenas de pinturas sobre madeira, azulejo e papel, tecendo uma narrativa que celebra as memórias da cidade e os cotidianos do Subúrbio.
“Nada melhor do que uma exposição que faz um recorte a partir das memórias da cidade”, afirma Zé, que utiliza utensílios reciclados encontrados nas ruas e no Porto das Sardinhas. Sua obra busca despertar a consciência ambiental, transformando material descartado em arte.
“Nosso trabalho é transformar o que a sociedade descarta em beleza, revelando que a memória e o valor podem ser encontrados nos suportes mais simples”, ressalta.
Diálogo Territorial
Com curadoria do pesquisador Ramon Martins, a exposição é dividida em três partes: Inventariar, Imaginar e Presentificar. Cada seção traz uma nova perspectiva sobre o Subúrbio.
“Em Inventariar, reunimos séries de desenhos que são registros recolhidos em nossas caminhadas pelo Porto das Sardinhas”, explica Ramon. “Em Imaginar, apresentamos aves fantásticas que habitam a imaginação do lugar. E, em Presentificar, trazemos pinturas de azulejos que conectam o público ao patrimônio ameaçado da região”, completa o curador.
Ramon destaca que a produção de Zé não é apenas um registro, mas uma reinvenção da narrativa subúrbia. “Ele não representa apenas o lugar; ele o funda, a partir da vida vibrante que o alimenta”, observa.
A exposição permite que o público reflita sobre a conexão de Zé di Cabeça com seu território e as narrativas que desafiam a invisibilidade do Subúrbio.
Consciência Ambiental

| Foto: Divulgação
Através do Acervo da Laje, Zé Eduardo promove arte e educação, reunindo comunidades e artistas suburbano. Sua obra busca urgentemente a criação de uma consciência ecológica, além de discutir o espaço da periferia nas artes contemporâneas.
Ao adquirir uma de suas obras, o público se engaja ativamente na luta por um mundo mais sustentável. “Cada um de nós possui uma poética única, que deve ser expressa”, conclui Zé. “Minha arte é um olhar sobre o que a cidade descarta e a transformação disso em beleza.”
Visite “Zé di Cabeça – Porto das Sardinhas” até 30 de agosto na Pivô Salvador – Rua Boulevard Suíço, 11ª, Nazaré. A visitação é gratuita, de segunda a sábado, das 14h às 19h.
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