O Norte do Brasil, rico em recursos naturais, torna-se palco de uma batalha constante contra a exploração ilegal. Abrangendo minerais que vão do ouro ao gás natural, a Amazônia não apenas alimenta economias, mas também se transforma em território de garimpos clandestinos. Recentemente, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atingiu um marco histórico com apreensões sem precedentes de ouro, refletindo a audácia dos criminosos que desafiam a segurança pública.
No dia 4 de agosto, a PRF interceptou uma caminhonete em Roraima, resultando na apreensão de 103 quilos de ouro, avaliados em impressionantes R$ 60 milhões. Menos de dois dias depois, outra operação em Altamira, no Pará, trouxe mais 40 quilos desse metal precioso, destacando as rotas de tráfico que cruzam o país.
O diretor de operações da PRF, Marcus Vinícius Silva De Almeida, e o policial Magalhães, de Roraima, ressaltam a coragem dos criminosos em desafiar as autoridades enquanto tentam transportar o ouro internacionalmente. “Todo o ouro que chega até nós é extraído de áreas ilegais e frequentemente indígenas”, afirmou Magalhães, revelando a gravidade da situação que se agrava a cada operação.
As principais rodovias federais, como a BR-310, 174 e a Transamazônica, se tornaram artérias vitais para os garimpeiros, que utilizam o mapeamento das estradas para suas atividades ilegais. Mas a criação de rotas clandestinas, conhecidas como “cabriteiras”, também surge como uma tentativa de escapar da fiscalização. “Se eles não podem escapar pelas estradas principais, buscam caminhos alternativos até que, inevitavelmente, terão que entrar nas BRs”, expôs Almeida.
Essas rotas não são apenas estradas, mas corredores que conectam estados e abrem portas para as fronteiras com países como Venezuela e Guiana. Os criminosos se aproveitam da geografia da região, onde a fiscalização é um desafio quase intransponível, fazendo com que a PRF se posicione estrategicamente ao longo dessas vias.
Além das estradas, os criminosos inovam para fugir da polícia. Almeida mencionou que muitos tentam transportar o ouro não apenas por terra, mas também por rios e por via aérea. “A Amazônia possui uma vasta rede fluvial, tornando difícil a fiscalização. É um dos meios mais usados para contrabando de não só ouro, mas também drogas e outros ilícitos”, destacou. Apesar das dificuldades, os criminosos enfrentam riscos altos ao ocultar suas cargas em embarcações.
O retrato atual do garimpo na Amazônia não é mais de picaretas e bateias, mas de criminosos armados com fuzis e equipamentos sofisticados, como drones e dragas, tudo financiado pelo crime organizado. O impacto disso é devastador, não apenas no meio ambiente, mas também nas comunidades locais, que sofrem com exploração e violência. O diretor-geral da PRF, Antonio Fernando Oliveira, destacou que a força do estado é essencial para combater essa ameaça.
Desde a implementação do Plano AMAS em 2023, a PRF trouxe prejuízos significativos ao crime organizado ao inutilizar e destruir equipamentos usados no garimpo ilegal. “Além dos danos ambientais, o crime gera terror em regiões vulneráveis,” afirmou Oliveira, evidenciando a necessidade de um estado forte e comprometido com a segurança e a proteção local.
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