O samba, coração pulsante do Carnaval de Salvador em 2026, promete uma celebração vibrante. Contudo, a prática revela desafios que colocam em dúvida a preservação desse rico patrimônio cultural, especialmente diante do marco histórico dos “110 Anos de Samba”.
Recentemente, um importante evento dedicado ao samba, o Samba do São Lázaro, foi abruptamente encerrado em função de restrições de horário, denunciadas por vereadores da cidade. O evento, que fervia as noites de sexta, acabou silenciado após críticas sobre o barulho, levando organizadores e frequentadores a um lamento coletivo.
Thiago da Silva, um dos idealizadores, externou sua frustração ao Bahia Notícias. “A falta do samba está sendo dolorosa para todos nós. O retorno ao nosso público é urgente, e a cobrança nas redes sociais é intensa”, disse, referindo-se ao impacto que a suspensão tem causado em cerca de 45 famílias que dependem do evento.
Todo o processo de autorização para a realização do samba estava alinhado com órgãos municipais, incluindo o consentimento da própria paróquia. No entanto, a pressão do vereador Duda Sanches, que mediou as queixas da comunidade local, resultou na necessidade de encerrar o evento antes das 22h.
O cantor Márcio Victor foi uma das poucas vozes públicas a defender o samba em meio à controvérsia. A resposta da população nas redes sociais demandava ação dos órgãos governamentais, mas as soluções permanecem escassas. No início de 2024, Jane Santos, organizadora do evento, lamentou como as tentativas de adaptação não apenas prejudicavam o evento, mas também o comércio da região, gerando uma desmobilização significativa.
As queixas não se limitaram ao cancelamento do evento. Tratava-se também da abordagem rigorosa dos órgãos de segurança, que geravam um clima de constrangimento, como relata Thiago, ao descrever situações em que se sentiam vigiados e atacados em vez de protegidos.
A alternativa para o público tem sido recorrer a eventos pagos, enquanto a paixão pelo samba continua intacta. Este estilo musical, reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil desde 2007, vive um renascimento, com cada vez mais festas e eventos na capital baiana, como o Samba de Quinta e Fragmentos do Samba, atraindo um público crescente.
Igualmente, as plataformas digitais têm demonstrado um crescente interesse pelo samba, que vem ganhando espaço nas paradas de sucesso. Artistas renomados, como Ludmilla e Gloria Groove, têm investido no gênero, atraindo novos ouvintes e revelando uma cena musical dinâmica e em transformação.
Além das vozes consagradas, a ilustre Ivete Sangalo também se lançou no samba, reafirmando sua conexão afetiva com o gênero. “Samba é uma parte de mim desde a infância, e não posso deixar de lado o que me traz tanta alegria”, declarou recentemente.
A luta da comunidade do samba em Salvador é emblemática do desejo de resgatar e preservar essa rica tradição. Com promessas da Prefeitura de intervenções e apoio à cultura, o futuro do samba na cidade é incerto, mas a esperança persiste. O chamado é claro: é preciso união para que o samba não apenas sobreviva durante o Carnaval, mas se fortaleça ao longo do ano.
O que você pensa sobre a situação atual do samba em Salvador? Compartilhe sua opinião nos comentários e junte-se a essa conversa essencial!
Comentários Facebook