Siga aquela inveja, e você pode descobrir o quanto tem a ganhar

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A inveja, muitas vezes, prejudica mais quem sente do que quem é alvo desse sentimento. Giotto, com sua icônica imagem da cobra saindo da boca de uma mulher, ilustra bem essa ideia. Não por acaso, a inveja ocupa o décimo mandamento na lei de Deus: “Não cobiçarás as coisas alheias”. Em tempos de interações virtuais, as caixas de comentários revelam os desejos de ter o que pertence ao outro, disfarçados sob um manto de hostilidade.

Lembro da minha experiência com a inveja, que começou quando peguei, escondido, um santinho de papel de uma colega na escola. Essa culpa me acompanhou por muito tempo. Já na faculdade, testemunhei um momento em que ela brotou de maneira mais intensa. Em uma excursão, ao ver uma amiga se aproximar da porta do ônibus, deixei escapar palavras impulsivas de raiva. Anos depois, percebi que ela ia viajar para Paris. Naquela época, ir para o exterior era um grande feito, e a minha inveja estava ciente disso antes de mim.

A inveja opera de maneira sutil e muitas vezes passa despercebida. O invejoso costuma acreditar que o ressentimento que sente vem apenas dos outros. Na verdade, a inveja pode surgir de qualquer lugar — amigos, colegas, até da família. Como diria Freud, é a face menos tranquila do desejo.

Quando João Guimarães Rosa lançou “Grande Sertão: Veredas”, muitos escritores da época sentiram-se ameaçados. Alguns criticaram sua originalidade, incapazes de lidar com a própria inveja. O poeta Manuel Bandeira foi um grande exemplo de como é desafiador enfrentar esse sentimento. Ele reconheceu as semelhanças entre Riobaldo e Macbeth e, ao ler Rosa, admitiu que a comparação o fez sentir-se pequeno.

A inveja pode servir como um sinalizador do que realmente desejamos. Ao lidar com o desconforto de sentir raiva do outro, podemos identificar nossos próprios anseios. Quando olho para o que o outro tem e identifico como um desejo, a raiva vai diminuindo.

É aí que a expressão “não me inveje, trabalhe” realmente faz sentido. Se você consegue identificar a origem da sua inveja e parte para a busca do que deseja, isso ajuda a dissipar o sentimento. Não importa quão longe você esteja de ser uma Joana Guimarães Rosa ou uma Manuela Bandeira. O importante é focar em sua própria trajetória e viver na sua própria medida. Assim, a inveja vai embora, pelo menos temporariamente.

Eventualmente, a inveja pode voltar a assombrar, e esse ciclo é comum. Quanto a se sentir invejado, isso diz mais respeito ao invejoso. Mas, vale a pena estar atento e se cuidar para que a inveja não atrapalhe seu caminho.

E você, já parou para pensar de onde vem a sua inveja? Compartilhe suas reflexões nos comentários!

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