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Orquestra celebra a eternidade de Gal Costa em concerto especial na Concha
Por Gilson Jorge
07/09/2025 – 5:01 h

No dia 26, quando Gal completaria 80 anos, a Osba realizará uma homenagem especial –
No final de 2022, a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) se destacou ao promover o programa Osbrega – Concerto do amor na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Este não foi apenas um show com canções românticas, mas um espetáculo que homenageou o universo dos bregas, incluindo tributos às profissionais do sexo.
O evento foi um sucesso, com os ingressos esgotando em cinco dias e o público vibrando ao som de Reginaldo Rossi sob a regência de Carlos Prazeres. Entretanto, a apresentação gerou controvérsias. Ricardo Castro, do Neojiba, criticou a proposta, desencadeando um debate que perdurou por meses.
No entanto, essa polêmica já é passado. A discussão sobre o papel das orquestras sinfônicas continua relevante. Nos dias 24 e 25, Salvador sediará o 1° Fórum Osba de Orquestras Sinfônicas – Música de Concerto em Movimento, contando com a presença de representantes do Theatro Municipal de São Paulo e da Orquestra Sinfônica de Sergipe.
O evento Osbrega foi um marco nas tentativas da Osba de se conectar com novos públicos. Os músicos até se vestem como personagens de filmes durante o projeto Cine Concerto, que apresenta trilhas sonoras de filmes. Já houve também eventos focados em repertórios de Carnaval e festas juninas.
Fiel às raízes
Carlos Prazeres destaca que essas apresentações diferenciadas representam apenas 5% das atividades da orquestra, que continua a se dedicar a compositores como Brahms, Beethoven e Mozart.
Filho de imigrantes portugueses e apaixonado por sua cultura, Prazeres é um maestro que mistura influências eruditas e populares. Apesar de sua abertura para novos estilos, mantém o compromisso essencial com o repertório clássico.
“Quem pensa que deixaremos de tocar Beethoven por conta de novos públicos está muito enganado. Nosso objetivo é tornar a orquestra acessível ao povo”, ressalta Prazeres.
Conheça a Osba de perto
O maestro acredita que para popularizar a orquestra, é necessário dialogar com a cultura local. “E não podemos deixar de falar sobre Carnaval, São João e figuras como Gal Costa”, afirma.
No dia 26, a Osba apresentará um concerto em homenagem a Gal Costa na Concha Acústica do TCA, às 19h, para encerrar o simpósio do dia anterior no Goethe Institut.

O maestro Carlos Prazeres | Foto: Divulgação
Para Prazeres, ao utilizar símbolos da cultura local, a orquestra se torna parte da sociedade. “Ela não é uma entidade estrangeira aqui para nos educar”, conclui o maestro.
Essa mistura entre erudito e popular não é exclusiva da Osba. A Orquestra Ouro Preto, por exemplo, já tocou Beatles e se apresentou com Alceu Valença.
Felipe Prazeres, da Petrobras Sinfônica, afirma que o preconceito contra a música popular é recorrente, mas não vê erro em adaptações que tornem a música acessível.
Um olhar evolutivo
Ele não reprova a colaboração entre cantores e orquestras, mas acredita que isso pode diminuir o brilho do conjunto erudito. “Fizemos um concerto para gamers, e o retorno foi positivo. Mas não espero que esse público transforme a audiência de concertos clássicos”, afirma Felipe.
As orquestras brasileiras também têm investido em vestuário mais informal e interações com o público, buscando quebrar a imagem elitista. Felipe comenta que hoje o maestro deve ser um mestre de cerimônias e não apenas um executante.
Desafios institucionais

Regente da Orquestra Sinfônica de Sergipe, Guilherme Mannis, destaca a importância do simpósio como um espaço para discutir a necessidade de políticas mais constantes nas orquestras. “Devemos buscar recursos estáveis, que não dependam do governo de plantão”, afirma.
Mannis reconhece que a Osba serve de exemplo para outras orquestras, mostrando a importância de se consolidar no cenário cultural. A ideia é tornar essa arte acessível e combater a percepção de que frequentar teatros é uma atividade elitista.
Reflexões sobre a música
As iniciativas para conectar as orquestras com o público são desafiadoras. Paulo Costa Lima, compositor, compartilha sua visão sobre a popularização das sinfônicas em seu perfil no Instagram, onde consulta seu público sobre o que pensam sobre a música clássica.
Ele destaca que popularizar as orquestras pode significar levar a música a locais mais remotos e, até mesmo, formar músicos em comunidades periféricas. “Isso pode incluir novas audiências sem perder a essência do que estamos apresentando”, reflete.
No entanto, o professor questiona como as orquestras podem se afirmar culturalmente no Brasil, sugerindo parcerias com a tradição afro-brasileira como um possível caminho.
O impacto dos concertos da Osba pode ser observado em ações simples, como a empregada de um músico cantarolando após assistir ao Concerto do Amor. Isso mostra que a aproximação pode funcionar de verdade.
E você, o que pensa sobre a relação das orquestras com o público? Já teve alguma experiência com concertos que te marcaram? Compartilhe suas ideias nos comentários.
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