CNJ proíbe exigência de certidão negativa para registro de imóveis: prática é considerada ilegal

Publicado:

compartilhe esse conteúdo

Na 10ª Sessão Virtual de 2025, o Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu que cartórios e tribunais não podem mais exigir Certidão Negativa de Débitos (CND) ou Certidão Positiva com Efeitos de Negativa (CPEN) como condição para o registro ou averbação de escrituras de compra e venda de imóveis. A decisão foi tomada no Procedimento de Controle Administrativo (PCA) nº 0001611-12.2023.2.00.0000.

O relator do caso, conselheiro Marcello Terto, foi claro ao classificar a exigência como ilegal. Segundo ele, condicionar o registro do imóvel à apresentação dessas certidões configura uma cobrança indireta de tributos, o que já foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo próprio CNJ em julgamentos anteriores.

“As certidões podem até ser solicitadas para informar o comprador sobre a situação fiscal do vendedor, mas nunca para impedir o registro do negócio”, destacou Terto.

A decisão tem repercussão nacional e atinge diretamente normas estaduais e municipais que tentavam impor a exigência das certidões como pré-requisito. A partir de agora, qualquer regulamentação local com esse teor passa a ser considerada inválida.

Embora a exigência das certidões fiscais tenha sido considerada indevida, isso não significa que o comprador esteja isento de riscos. Especialistas alertam que a análise prévia da situação fiscal, cível e trabalhista do vendedor continua sendo fundamental no processo de compra.

A prática conhecida como due diligence imobiliária, uma espécie de auditoria jurídica do imóvel e do vendedor, é essencial para evitar surpresas desagradáveis, como herdar dívidas ou enfrentar disputas judiciais após a aquisição.

“Comprar sem investigar pode transformar o sonho da casa própria em um grande pesadelo”, alertam advogados especializados em direito imobiliário.

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

À espera de que o ministro Alexandre de Moraes se explique

A Polícia Federal apreendeu 430 mil reais em dinheiro vivo no armário do flat utilizado por Sóstenes Cavalcanti, líder do PL na Câmara,...

AGU ajuíza quarto lote de ações por fraudes em descontos do INSS

A Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou o quarto lote de ações judiciais contra oito entidades envolvidas em fraudes relacionadas a descontos indevidos em...

Feminicídio: 64% das mulheres mortas no DF sofreram violência doméstica

No Distrito Federal, mais da metade das mulheres mortas por feminicídio nos últimos 10 anos já tinha vivido violência doméstica antes de morrer....