Os “trunfos” do vice de Tarcísio para se cacifar como sucessor

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O vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), tem sido citado por aliados como um dos nomes que pode concorrer ao governo paulista, caso o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) decida disputar a Presidência.

Caso Tarcísio entre na disputa nacional, terá de deixar o cargo em abril e Ramuth herdará a cadeira de chefe do Executivo estadual até dezembro de 2026 e poderá disputar a reeleição no exercício do cargo, a exemplo do que ocorreu com Márcio França (PSB) em 2018 e Rodrigo Garcia (sem partido) em 2022.

Este cenário com a “máquina na mão” é um dos principais trunfos de Felício citado por aliados. Prefeito por dois mandatos de São José dos Campos, no interior paulista, o vice-governador é visto como alguém que sabe “jogar o jogo dos prefeitos”, o que poderia pavimentar uma base de apoio para sua campanha.

A expectativa é de que o vice-governador libere recursos que Tarcísio não tem liberado, o que tem frustrado alguns prefeitos, que reclamam nos bastidores da falta de repasses. Felício, inclusive, costuma receber prefeitos para intermediar a liberação de verbas aos municípios. A orientação de Tarcísio é de que cada prefeito apresente três projetos prioritários para o governo auxiliar no custeio.

Além disso, o PSD, partido de Ramuth, elegeu 206 prefeituras em São Paulo no ano passado, garantindo palanques importantes para as eleições de 2026.

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Outro fator que pesa a favor do vice, de acordo com aliados, é que, na cadeira de governador, Ramuth não mexeria estruturalmente no Palácio dos Bandeirantes e tenderia a manter quadros considerados de confiança de Tarcísio em secretarias e postos estratégicos, fazendo um governo de continuidade.

Apoiando Ramuth para sua sucessão, Tarcísio, que já pagou uma fatura com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao articular pela anistia, prometer o indulto e atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também resolveria a questão com Gilberto Kassab (PSD), a outra força política que sustenta o atual governo.

Por outro lado, aliados apontam que o próprio Kassab teria interesse em ser o candidato ao governo paulista. Para se viabilizar, portanto, Felício teria que convencer o “chefe” do partido a ceder o espaço.

A interlocutores, Felício tem falado que vai evitar movimentos muito claros para se viabilizar, adotando uma estratégia de “jogar parado”.

Outro argumento é que, caso Tarcísio tenha que deixar a gestão em abril, naturalmente terá que elogiar o vice publicamente, dando o sinal de que o governo seguirá em “boas mãos”, o que pode ser valoroso para uma pré-campanha eleitoral.

Resistência a outros nomes

Outro fator citado no meio político é de que Felício também surfaria na resistência que outros possíveis sucessores de Tarcísio têm. O próprio Kassab é rejeitado por 44,1% dos eleitores, segundo a pesquisa Atlas Intel divulgada nesta semana. Na lista dos mais rejeitados, o presidente nacional do PSD está atrás apenas de Eduardo Bolsonaro (PL), que aparece com 50,2%, e Erika Hilton (PSol), que tem 47,8%.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também é citado como um nome forte para suceder Tarcísio. Ainda com “recall” das eleições municipais, Nunes perde pontos pelo temor gerado pelo vice-prefeito, coronel Mello Araújo (PL), como prefeito. Sem experiência em cargos políticos, Mello Araújo assumir a Prefeitura de São Paulo gera “arrepios” em muita gente no mundo político.

Nunes, porém, é representante do MDB, o que pode ser considerado seu grande trunfo em uma composição partidária importante para viabilizar candidaturas em 2026. Além disso, na leitura de aliados, Tarcísio teria que obter uma ampla vantagem sobre Lula em São Paulo para ter chances de vencer a eleição, dado sua pouca entrada no eleitorado do Norte e Nordeste. Neste sentido, com Nunes candidato ao governo paulista, Tarcísio teria também, de forma indireta, a máquina da prefeitura da capital a seu favor.

Outro nome que é favorecido pelas alianças de partidos é o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), André do Prado (PL), afilhado de Valdemar Costa Neto e filiado ao partido com mais cadeiras no Congresso. Prado, no entanto, é visto como pouco conhecido do público e uma eventual candidatura teria que ser “construída do início”, nas palavras de um aliado.

Além disso, especula-se que Tarcísio possa migrar para o PL para disputar o Planalto, o que poderia fazer com que o PL abrisse mão da cabeça de chapa em São Paulo, dando o espaço para outra sigla da aliança.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), também é um dos nomes citados como possível “apadrinhado” de Tarcísio para a corrida ao governo paulista. Pesam a seu favor o fato de ser integrante do União Progressista, grupo que cresceu de importância após virar uma “superfederação”, e ter a simpatia do bolsonarismo.

Derrite, no entanto, tem se colocado como candidato ao Senado e seu nome tem pontuado bem nas pesquisas para a vaga.

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