Nos dias 14 e 15 de setembro, Salvador sediou o 3º Congresso de Direito e Sustentabilidade, no histórico Palacete Tira Chapéu. O evento, co-realizado pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (Ibrades), pela Associação Comercial da Bahia e pelo LIDE Bahia, contou com a presença de mais de 70 palestrantes em debates que visam preparar o país para a COP 30, programada para novembro em Belém do Pará.
Em entrevista ao podcast Juspod, apresentado por Karina Calixto e Matheus Biset, Isabela Suarez, presidente da Associação Comercial da Bahia, e Georges Humbert, coordenador científico do congresso, ressaltaram a importância do evento para reposicionar a discussão sobre sustentabilidade no Brasil. Eles querem combater a polarização e as fake news, além de valorizar as potencialidades locais.
A escolha do Palacete Tira Chapéu não foi aleatória. Isabela destacou que a decisão reforça o compromisso com a revitalização do centro histórico e a valorização do patrimônio cultural. “Alimentar o centro da nossa cidade é alimentar a história, o coração dos moradores”, afirmou. O palacete, recuperado com investimento privado, representa a união entre preservação histórica e desenvolvimento econômico.
Um dos principais objetivos do congresso foi ampliar a compreensão sobre sustentabilidade, que muitas vezes se restringe apenas ao aspecto ambiental. Isabela enfatizou a inclusão dos pilares social e econômico no debate. “Não existe preservação ambiental sem dignidade humana. Um povo carente, sem acesso a saneamento básico ou energia, não conservará o meio ambiente”, disse, lembrando que apenas 36% das crianças baianas são alfabetizadas, o que destaca a importância da educação básica para a sustentabilidade.
Para Georges Humbert, a ideia de opor economia e meio ambiente é enganosa. “A Constituição prega o equilíbrio. Sem geração de riqueza, não há como promover justiça social ou preservar o meio ambiente”, argumentou. Ele criticou a radicalidade em ambos os lados do debate e alertou para os perigos da desinformação, citando a chamada “PEC das Praias”, que, segundo ele, era na verdade um projeto de lei de licenciamento ambiental.
Isabela e Georges defenderam que o Brasil é um “credor ambiental”, desafiando a narrativa internacional que o posiciona como vilão. Humbert apontou exemplos de sucesso, como a Suzano, que preserva metade de suas áreas de eucalipto, e o Oeste da Bahia, reconhecido por sua produção sustentável de algodão e soja. “O agronegócio não é inimigo do meio ambiente. Quando bem praticado, agrega valor e preserva”, afirmou.
Isabela complementou que o congresso foi crucial para antecipar discussões que serão importantes na COP 30, apresentando uma visão mais realista. “O Brasil precisa contar sua história de forma melhor. Somos credores, não devedores”, reiterou.
Sobre as mudanças climáticas, Humbert afirmou que a Terra passa por ciclos e que investir em infraestrutura e políticas públicas é essencial para minimizar impactos. Ele defendeu a necessidade de focar em soluções práticas, como o reassentamento de moradias em áreas de risco.
Isabela também falou sobre a desmistificação da ideia de que a sustentabilidade é um custo para empresas, especialmente para pequenos e médios empreendedores. “Se você não pode fazer grandes compensações ambientais, invista em trabalho social. Pequenos passos geram grandes impactos”, concluiu, destacando que a formalização das atividades empresariais é um passo importante que gera empregos e contribui para a arrecadação de impostos.
E você, o que pensa sobre a sustentabilidade e o papel do Brasil nesse cenário? Compartilhe sua opinião nos comentários.
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