Recentemente, a Netflix foi alvo de críticas por gravar a minissérie “Emergência Radioativa” em São Paulo, em vez de Goiânia, onde ocorreu o famoso acidente com o Césio 137 em 1987. O episódio, que completou 38 anos na semana passada, gerou uma forte reação entre os moradores de Goiânia.
O Conselho Municipal de Cultura de Goiânia emitiu uma carta aberta à Netflix expressando sua insatisfação. O documento destaca que a cidade tem a infraestrutura e os profissionais necessários para receber uma produção dessa magnitude. Além disso, os conselheiros ressaltaram a importância de filmar no local pelo vínculo emocional e histórico com a tragédia.
“Trazer a filmagem para cá não é apenas uma questão de justiça histórica, mas também uma oportunidade de gerar empregos e fortalecer a cultura local”, afirma o texto. O acidente foi considerado pela Agência Internacional de Energia Atômica como o maior acidente radiológico fora de usinas nucleares no mundo.
Em setembro de 1987, catadores encontraram um aparelho de radioterapia abandonado, e a cápsula de Césio 137 foi rompida, resultando em um desastre que afetou a saúde de muitas pessoas. O impacto foi tão grande que 110 mil pessoas foram monitoradas, e 249 foram oficialmente contaminadas.
A cidade de Goiânia ainda carrega as consequências desse evento trágico. Locais diretamente envolvidos, como o antigo ferro-velho, são inseguros para qualquer tipo de construção. As marcas do episódio permanecem visíveis e são um constante lembrete para os moradores.
Mais recentemente, o Cemitério Parque, onde várias vítimas foram enterradas, tornou-se um ponto de memória, especialmente para a menina Leide das Neves Ferreira, que morreu após a exposição ao material radioativo.
A escolha de São Paulo para as gravações levantou questões sobre a representatividade e a importância de contar com a participação de Goiânia, na narrativa de sua própria história. E você, o que acha disso? Comente suas opiniões sobre a produção e sua importância para a memória coletiva da cidade.
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