O ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes foi assassinado na noite de segunda-feira (16/9) em Praia Grande, no litoral paulista. O crime evidencia que os responsáveis conheciam bem a rotina da vítima.
Um vídeo de uma câmera de segurança na Rua Arnaldo Vitulli mostra a chegada dos criminosos em uma Hilux preta às 18h02. O veículo ficou estacionado até as 18h16, quando o Fiat Argo de Ruy apareceu. Assim que o ex-delegado passava, os homens na Hilux iniciaram uma chuva de disparos.
Outra câmera, posicionada em um ângulo diferente, registrou o impacto dos tiros no vidro do motorista do Argo, assim que Ruy fez uma curva. Após essa ação, começou uma perseguição de cerca de 2,5 quilômetros até a Avenida Doutor Roberto de Almeida Vinhas, onde o carro de Ruy colidiu contra dois ônibus e capotou.
Os criminosos dispararam continuamente durante a perseguição, atingindo acidentalmente um casal em frente à casa de familiares. Ambos foram encaminhados ao Hospital Irmão Dulce, mas sofreram ferimentos sem gravidade.
Executado diante de várias testemunhas
Com o Argo tombado, três atiradores saíram da Hilux e executaram Ruy Ferraz, na frente de várias testemunhas. Ele não teve tempo de reagir, pois sua pistola Glock 9 milímetros permaneceu guardada. O ex-delegado morreu no local.
Após o crime, os assassinos fugiram em alta velocidade. Todos usavam coletes à prova de balas e cobriam os rostos. O veículo foi encontrado incendiado na Avenida Casemiro Domcev, a quase dois quilômetros de distância da cena do crime. Uma arma foi deixada dentro do carro.
Os agentes de segurança descobriram que os criminosos utilizaram um Jeep Renegade como fuga. Este carro foi localizado com o motor ligado, a 800 metros de onde a Hilux foi incendiada. Documentos policiais indicam que após abandonarem o Renegade, eles fugiram a pé. Durante essa fuga, foram encontrados um carregador de fuzil, outro de pistola e várias cápsulas deflagradas.
Os veículos usados na operação criminosa foram roubados na capital. Um dos suspeitos foi identificado, segundo o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. Até o momento, ninguém havia sido preso.
Alvo do PCC
Ruy Ferraz Fontes, 64, teve uma carreira de 40 anos na Polícia Civil e tornou-se conhecido por sua atuação contra o PCC. Em 2019, foi jurado de morte por Marcola, líder da facção, após sua transferência para um presídio federal.
Raquel Kobashi Gallinati Lombardi, diretora da Academia dos Delegados de Polícia do Brasil, exaltou Ruy como um dos melhores da corporação e lamentou sua morte, atribuída a sua firme atuação no combate ao crime organizado.
Ruy assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande em janeiro de 2023 e estava na gestão iniciada em 2025 até seu falecimento. O velório será realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e o sepultamento está marcado para às 16h no Cemitério da Paz, no Morumbi.
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