O assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, em Praia Grande (SP), continua a agitar tanto as forças de segurança quanto os bastidores do crime organizado. No dia seguinte ao ataque, a defesa de Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola e considerado líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), divulgou um manifesto público negando qualquer ligação dele com a morte de Ferraz.
No documento, a defesa descreveu como “absolutamente inverossímil” qualquer participação de Marcola no crime, destacando que ele está preso desde 2019 em uma penitenciária federal de segurança máxima, sob monitoramento integral. Os advogados também afirmaram que a atribuição da morte de Ruy Ferraz a Marcola “carece de fundamento lógico ou jurídico” e seria uma tentativa de alimentar narrativas distorcidas na mídia.
Esse posicionamento contrasta com a interpretação da cúpula da Segurança Pública paulista, que vê o crime como um ato de vingança do PCC. O secretário-executivo da pasta, Osvaldo Nico Gonçalves, afirmou que Ruy lutou arduamente contra a facção.
O atentado
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o carro dirigido por Ruy capota após colidir com um ônibus. Em seguida, criminosos descem de outro veículo e disparam várias vezes contra o ex-delegado. Duas pessoas ainda ficaram feridas, uma mulher com lesões leves e um homem que permanece internado, mas sem risco de morte.
Logo após o ataque, o veículo usado pelos executores foi encontrado incendiado, um método comum de grupos de extermínio ligados ao crime organizado.
Inimigo declarado do PCC
Ruy Ferraz, de 64 anos, dedicou mais de 40 anos à Polícia Civil e foi conhecido pelo enfrentamento ao PCC desde os anos 2000. Em 2019, após a transferência de Marcola para o sistema penitenciário federal, o delegado foi marcado como alvo pela facção, segundo documentos oficiais.
Ruy comandou divisões estratégicas, como o Denarc e o Deic, e também ocupou o cargo de delegado-geral de São Paulo. Em 2023, ele assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande, onde estava atuando até sua morte, nesta segunda-feira (15/9).
Sua trajetória de combate ao crime organizado lhe rendeu prestígio entre colegas e instituições policiais, mas o tornou também um alvo prioritário da facção criminosa mais poderosa do país.
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