A investigação da operação Fames-19, que visa desvio de recursos em contratos de compra de cestas básicas e frangos no Tocantins, revelou áudios que podem comprometer os envolvidos. A Polícia Federal (PF) encontrou gravações no celular de Paulo César Lustosa, um dos investigados, onde diálogos expõem indícios de trâmites fraudulentos.
Os áudios incluem conversas entre PC Lustosa e seu irmão, Wilton Rosa Pires, também alvo da PF. Nesses diálogos, discutem a continuidade do governo do Tocantins e mencionam um suposto esquema vinculado ao Executivo estadual. PC Lustosa cita o governador Wanderlei Barbosa, que está afastado do cargo devido à operação.
O governador nega as acusações e afirma não ter autorizado ações fraudulentas em seu nome. Ele e PC Lustosa alegam que as gravações foram tiradas de contexto. Um trecho de um dos áudios revela a preocupação de Lustosa com um esquema de poder, mencionando: “Cara, sai da mão do [Mauro] Carlesse, entra na mão do Wanderlei”.
Ouça:
Além disso, em outras gravações, os investigados conversam sobre como evitar a prestação de contas das compras de cestas básicas, criando uma lista fictícia com 1.500 beneficiários e usando fotos de cestas emprestadas.
Ouça:
Operação Fames-19 em Foco
A segunda fase da operação foi deflagrada em 3 de setembro, levando ao afastamento do governador por seis meses. A PF investiga fraudes em compras durante a pandemia, aponta que os prejuízos aos cofres públicos podem chegar a R$ 73 milhões. Os contratos suspeitos totalizam aproximadamente R$ 97 milhões.
A investigação também revelou um esquema de pagamento de propina, que era disfarçado e tratado como “benção”. Os envolvidos preferiam pagamentos em espécie para dificultar o rastreamento dos valores.
Conforme a decisão do caso, os pagamentos eram fracionados para evitar a comunicação obrigatória ao COAF. A PF destaca que é essencial investigar esses indícios para responsabilizar os envolvidos.
Defesa dos Envolvidos
O governador afastado reafirma que não teve participação em qualquer esquema que envolvesse contratos públicos. Ele menciona que os diálogos citados pela investigação deixam claro que nunca aceitou propina e fazem referência ao governo anterior.
A defesa alega que o governador não tinha conhecimento das supostas fraudes e que as conversas foram mal interpretadas. Assim, ele confia que a justiça será feita.
Wanderlei Barbosa também informou que medidas estavam sendo tomadas para revisar os contratos mencionados, com auditoria da Procuradoria-Geral do Estado e da Controladoria-Geral do Estado.
A primeira-dama Karynne Sotero, que se separou de PC Lustosa em 2017, afirma não ter nenhuma ligação com os acontecimentos e ressalta que suas trajetórias estão independentes há anos.
Por sua vez, a defesa de Paulo César Lustosa diz que as informações divulgadas são fragmentadas e não refletem a realidade. Lustosa reitera que não tem envolvimento em atividades ilícitas e confia que a verdade será esclarecida.
A defesa de Wilton Rosa Pires ainda não teve acesso completo aos autos e não se manifestou até o momento.
O desenrolar dessas investigações promete trazer à tona mais informações e surpreender a população do Tocantins. O que você acha desses desdobramentos? Compartilhe sua opinião nos comentários!
Facebook Comments