Desmatamento na caatinga é impulsionado pela transição energética na Bahia

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A Caatinga, conhecido por seu clima semiárido e temperaturas elevadas, se destaca como um local promissor para investimentos em energia renovável no Brasil. Este bioma, o quarto maior do país e o maior da Bahia, abriga 62% das usinas fotovoltaicas do Brasil, totalizando 35,3 mil hectares, conforme relatório da MapBiomas divulgado nesta quinta-feira.

Dentre as áreas ocupadas por usinas de energia solar, cerca de 3.800 hectares estão localizados na Caatinga baiana, posicionando o estado como o segundo maior em número de usinas entre os estados analisados. Importante ressaltar que 71% dessas usinas estão situadas em áreas de vegetação nativa, totalizando 2.753 hectares, o que trás à tona a preocupação com o desmatamento. Minas Gerais, por sua vez, lidera com 26% do total, equivalente a 5,6 mil hectares.

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Transições de uso da terra na Caatinga para usinas fotovoltaicas entre 2016 e 2024. Foto: Reprodução / MapBiomas

O professor Washington Rocha, coordenador da equipe da Caatinga no MapBiomas, aponta que a transição energética no país não deve comprometer áreas de conservação. “Observamos uma porcentagem significativa de usinas fotovoltaicas instaladas em áreas ainda não desmatadas. Isso indica que o desmatamento está acontecendo para viabilizar essas usinas”, afirma Rocha.

Além disso, o professor menciona a importância de considerar alternativas de instalação. “É fundamental que, além da Caatinga, em regiões como o cerrado, priorizemos áreas que já sofreram degradação para a instalação desses empreendimentos”, sugere.

As usinas estão predominantemente localizadas em espaços de mosaico, representando 21,2% do total. Outros 6,6% das usinas foram implantadas em áreas de pastagens agropecuárias.

O estudo do MapBiomas também analisa as mudanças na cobertura e uso da terra na Caatinga entre 1985 e 2024.

A CAATINGA BRASILEIRA
A Caatinga ocupa atualmente 86,2 milhões de hectares, representando 10,1% do território nacional. Nos últimos 40 anos, o bioma perdeu 9,25 milhões de hectares, correspondendo a uma redução de 14% de suas áreas naturais. A vegetação savânica, característica da região, foi a mais afetada, com uma perda de 15,7%, totalizando 8,9 milhões de hectares.

Apenas 59% do total, ou 51,3 milhões de hectares, permanece coberto por vegetação nativa sem intervenção humana. Quando se contabilizam corpos d’água, praias e areais, essa área natural sobe para 52,9 milhões de hectares, ou 61% do bioma.

A Bahia, entre os estados que preservam áreas nativas, está na quarta posição, com 58% de preservação, atrás de Piauí (82%), Ceará (68%) e Pernambuco (60%). Os estados com menor preservação, em 2023, incluem Minas Gerais (50%), Rio Grande do Norte (50%), Alagoas (27%) e Sergipe (24%).

Enquanto as áreas naturais enfrentam significativa perda, as áreas conhecidas como “antrópicas” aumentaram 39% nas últimas quatro décadas, totalizando 9,2 milhões de hectares. A maior parte dessas áreas é utilizada para agropecuária, com 37% sendo pastagens. Das lavouras, as temporárias ocupam 1,4 milhão de hectares, representando 74% do uso agrícola.

Esse cenário apresenta um dilema importante: o avanço das energias renováveis pode vir à custa do que resta de nossa rica vegetação nativa. O que você pensa sobre essa situação? Deixe sua opinião nos comentários.

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