Nos últimos três anos, bancos, fornecedores e outros credores têm se mobilizado intensamente para recuperar o dinheiro de João Appolinário, CEO da Polishop. A varejista, que entrou em recuperação judicial em 2024, acumula dívidas de R$ 395 milhões.
Inicialmente, a Justiça conseguiu localizar apenas uma lancha e uma moto Harley Davidson em nome de Appolinário. Ele ficou conhecido como jurado no programa “Shark Tank”, onde investidores decidem se vão apoiar negócios de empreendedores.


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Gestoras de “fundos caixa-preta” da Faria Lima foram alvo de operações da Polícia Federal, Receita Federal e do MPSP
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Fundador da Polishop, João Appolinário
Reprodução

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Material cedido ao Metrópoles
Durante a crise da Polishop, Appolinário começou a transferir enormes quantias para fundos de investimento da Faria Lima. Esses fundos, por sua vez, repassam os recursos a outros fundos, criando uma rede que oculta o verdadeiro proprietário do dinheiro. A gestora envolvida tem resistido em abrir sua contabilidade, dificultando a identificação dos beneficiários finais.
O caso de Appolinário é um exemplo dos “fundos caixa-preta” da Faria Lima, detalhados numa série de reportagens do Metrópoles. Essas práticas são usadas para proteger o patrimônio de grandes devedores e esconder ativos de criminosos, políticos e empresários.
Um levantamento do Metrópoles identificou pelo menos 177 fundos sem auditoria, somando R$ 55 bilhões de patrimônio. Esses fundos têm apenas um ou dois investidores, e a maioria é composta por outros fundos, além de investir em apenas uma empresa.
Essas características levantaram suspeitas da Polícia Federal e da Receita Federal, que investigam a lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. Também se aponta que essa engenharia financeira foi utilizada em fraudes entre bancos e grandes empresas.
A caixa-preta do “Shark Tank”
No caso de Appolinário, uma batalha legal está em andamento para esclarecer a estrutura de um fundo de investimento que contém parte de sua fortuna. Esse fundo está ligado a um desfalque em fundos de pensão de servidores públicos.
Investidores suspeitam que Appolinário seja o verdadeiro controlador do fundo, que tem influência como credor na recuperação judicial da Polishop, ocultando seu patrimônio.
A gestora do fundo tem evitado divulgar os nomes dos cotistas, essenciais para entender a situação. Appolinário, em uma ponta da operação, vendeu ativos ao fundo; em outra, pode ser o próprio investidor. Sem essa prova, é impossível contestar a dívida na recuperação judicial.
Em maio de 2024, a Polishop solicitou recuperação judicial para renegociar suas dívidas. Porém, os bancos enfrentam dificuldades para rastrear os ativos do empresário.
Recentemente, a Justiça descobriu que Appolinário cedeu indevidamente R$ 15 milhões em terrenos para um fundo, sendo que as propriedades já tinham registros de dívidas contra ele desde 2022.
Além disso, ao declarar R$ 64 milhões em cotas em um fundo dias antes da recuperação judicial, o empresário transferiu ativos entre fundos diferentes, complicando ainda mais a situação. O fundo GAD, que se tornou credor da Polishop, também está envolvido nessa trama.
Após pressão dos bancos, a Justiça ordenou que a gestora do GAD apresentasse a lista de cotistas, mas este acesso foi temporariamente suspenso até que a situação se esclareça.
No passado, a Planner, administradora de vários desses fundos, enfrentou problemas por fraudes em operações que resultaram em desfalques bilionários em fundos de pensão.
O que dizem os citados
A defesa da Polishop informou que não comenta casos em andamento. Já a Planner declarou que todos os seus fundos possuem demonstrações financeiras auditadas e se compromete a colaborar com autoridades e com a Justiça.
A Singulare, por sua vez, reafirmou seu compromisso com a ética e a transparência em suas operações.
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