No 58º Festival de Brasília, foi a vez do curta-metragem ‘Couraça’ estrear na mostra competitiva. Dirigido por Susan Kalik e Daniel Arcades, o filme mergulha nas tensões que surgem entre os membros do bando de Lampião, após a emboscada que resultou na morte do líder. Os sobreviventes se veem diante de uma escolha difícil sobre seu futuro.
“Produzir um curta histórico é custoso, e os orçamentos têm ficado cada vez mais limitados. No entanto, acreditamos que valeu a pena. Queríamos mostrar que qualquer narrativa pode ser contada em qualquer tempo. Couraça se passa em 1938, mas tem tudo a ver com 2025”, comenta Kalik.
O curta subverte a abordagem tradicional do cangaço ao reconfigurar os papéis sociais. “O filme busca repensar os papéis de gênero a partir da lógica da masculinidade aplicada ao cangaço. Temos uma personagem feminina forte, que decide seu próprio destino”, acrescenta Kalik.
Além disso, Arcades, que também atua e roteiriza, destaca dois personagens homens LGBTQIAPN+ que enfrentam a complexidade de sua relação amorosa, vivendo um dilema constante entre aceitação e negação.
Ambientado em um sertão árido, o curta aborda não apenas o banditismo, mas também questões sociais mais profundas. Segundo Arcades, a vontade de falar sobre o cangaço e o amor estão interligadas. “Couraça é sobre como escolher ser amado e negociar o direito de amar com o mundo. Essa ideia me acompanha há pelo menos dez anos”, revela.
O filme não adota uma abordagem condescendente com os personagens. Ele retrata a chegada do fim dos dias gloriosos do cangaço. Nesse ocaso, é preciso forjar novos caminhos, muitas vezes rompendo com antigos padrões e sacrificando amores.
O que você acha da abordagem desse curta? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe suas reflexões sobre como o cinema pode explorar temas tão relevantes de forma inovadora.

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