Em dia de ata do Copom, Haddad diz que juro “nem deveria estar em 15%”

No dia em que o Banco Central (BC) divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a apelar pela redução da taxa Selic, que atualmente está em 15% ao ano. Esse nível é o mais elevado em quase duas décadas, desde 2006.

Na reunião passada, o Copom decidiu manter a Selic inalterada. A taxa básica de juros é uma ferramenta fundamental do BC para controlar a inflação. Quando os juros aumentam, o intuito é conter a demanda aquecida, impactando os preços, já que os juros altos encarecem o crédito e incentivam a poupança. Essa estratégia pode também desacelerar a atividade econômica.

Por outro lado, uma redução na Selic pode tornar o crédito mais acessível. Isso costuma incentivar a produção e o consumo, o que, por sua vez, pode ajudar a controlar a inflação e estimular o crescimento.

“O Gabriel Galípolo [presidente do BC] assumiu agora, em uma crise grande, em dezembro. Eu não estou no lugar dele. Quando você herda um problema, é difícil. Foi uma transição muito complexa, não foi simples. Isso não foi devidamente diagnosticado, na minha opinião. Terá um tempo em que poderemos falar mais à vontade,” afirmou Haddad em entrevista ao ICL Notícias.

O ministro acredita que a inflação no Brasil será igual ou menor do que a do ano passado. Ele destacou a importância de trazer a inflação para dentro da meta estabelecida. “Penso que o Galípolo vai chegar ao momento em que vai convocar a diretoria e tomar essa decisão,” disse Haddad, reafirmando sua expectativa de que os cortes na Selic comecem em breve.

“Eu entendo que há espaço para essa taxa cair; acredito que nem deveria estar em 15%. Ele [Galípolo] tem os quatro anos de mandato dele e vai entregar um resultado consistente ao Brasil. Eu não voto no Copom, mas essa opinião [de que é hora de baixar os juros] é compartilhada por boa parte do mercado,” completou.

A transição no Banco Central

Durante a entrevista, Haddad também comentou sobre a transição entre Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo na presidência do BC. Segundo ele, o processo foi repleto de dificuldades. “Essa história virá à tona. Ela vai ser contada em algum momento. Nós estamos driblando crises toda semana, muitas vezes, crises são artificialmente construídas,” mencionou o ministro.

Haddad referiu-se ao período complexo que o país enfrentou e ressaltou a polarização política entre forças democráticas. “Desde que o bolsonarismo ocupou o espaço da direita, começamos a viver uma situação excepcional,” explicou.

Ata do Copom

Nessa manhã, o BC divulgou a ata da última reunião do Copom, onde afirmou que a Selic deverá permanecer em 15% por um período considerável. O objetivo é alcançar a meta de inflação de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A ata aponta que a volatilidade em diversas classes de ativos tem impactado as condições financeiras globais, exigindo cautela de países em desenvolvimento, como o Brasil, em um cenário de tensão geopolítica.

O Copom avaliou que os dados econômicos recentes indicam uma moderação no crescimento, trazendo mais convicção de que o cenário previsto está se confirmando. Embora existam fatores que poderiam desviar essa trajetória, os efeitos observados até agora estão em linha com as expectativas.

A respeito da inflação, a autoridade monetária relatou que os últimos dados mostram um quadro mais favorável, apesar dos níveis ainda estarem acima do que o considerado aceitável. A ata também ressalta que a ancoragem das expectativas de inflação deve ser acompanhada de perseverança e serenidade.

O que você acha da posição de Haddad sobre a taxa de juros? Acredita que a Selic deve ser reduzida? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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