Banco Central projeta desaceleração do PIB e inflação acima da meta até 2028

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O Banco Central (BC) anunciou, nesta quinta-feira (25), uma redução na estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2025, passando de 2,1% para 2%. Para 2026, a primeira previsão é de apenas 1,5%. Se confirmar esse número, será o menor índice desde 2020, quando a economia recuou 3,3% devido à pandemia de Covid-19.

O Relatório de Política Monetária do terceiro trimestre destaca que essa revisão se deve à manutenção da taxa de juros em 15% ao ano, à desaceleração da economia global e à falta do impulso do setor agropecuário. O documento ainda aponta que “o hiato do produto” se mantém positivo, significando que a economia opera acima do seu potencial sem gerar pressões adicionais sobre a inflação.

O BC também revisou a projeção para a inflação medida pelo IPCA, de 4,9% para 4,8% para 2025, com a expectativa de que feche o ano acima do teto da meta (4,5%). As estimativas para 2026, 2027 e o primeiro trimestre de 2028 são de 3,6%, 3,2% e 3,1%, respectivamente, todas acima do centro da meta, que é de 3%.

Isso indica que a inflação deve permanecer acima do alvo por, pelo menos, três anos. O Banco Central reconheceu que não cumpriu a meta no acumulado de 12 meses até junho e explicou os motivos em uma carta ao Ministério da Fazenda: variação cambial, custos de energia, atividade econômica aquecida e condições climáticas desfavoráveis.

Na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 15% ao ano pela segunda vez consecutiva, o que representa o maior patamar em quase 20 anos. O BC informou que a taxa deve permanecer nesse nível por um “período bastante prolongado”, medida necessária para trazer a inflação para a meta. O mercado financeiro espera cortes de juros apenas em 2026.

Divergência com o governo

A política monetária vem recebendo críticas da equipe econômica. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou que a taxa “nem deveria estar em 15%” e acredita que há espaço para redução. O governo, que almeja a reeleição em 2026, está preocupado com os possíveis impactos da desaceleração nos empregos, na renda e na arrecadação tributária.

A Receita Federal já registrou uma queda real de 1,5% na arrecadação de agosto em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Segundo o órgão, a desaceleração da atividade econômica é a principal explicação para esse resultado. No projeto de lei orçamentária para 2026, o governo havia previsto um crescimento de 2,44% do PIB. Se a previsão do BC se confirmar, a administração pública enfrentará dificuldades para atingir as metas fiscais e poderá precisar cortar gastos durante o ano eleitoral.

Crédito também deve desacelerar

O relatório também prevê que o crédito total cresça 8,8% em 2025 e 8% em 2026, acompanhando a desaceleração econômica. Em termos reais, o crescimento será menor: 3,8% e 4,2%, respectivamente, contra 6,4% em 2024. O BC explica que a moderada expansão do crédito resulta dos efeitos defasados de uma política monetária mais restritiva, impactando diretamente o consumo, os investimentos e a arrecadação pública.

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