Regiane Araújo Pacheco, de 40 anos, viveu anos de sofrimento no interior da Bahia, lidando com dores intensas nos joelhos e quadril. Desde criança, ela recorria a um clínico geral em Ipupiara, mas somente após se mudar para São Paulo aos 15 anos conseguiu o diagnóstico de artrite reumatoide infantil. A jornada dela ilustra bem o que se chama de “jornada do paciente”, um caminho muitas vezes longo e cheio de obstáculos.
Em 2008, Regiane buscou ajuda em Vitória da Conquista e foi diagnosticada com lúpus. Essa trajetória demonstra a urgência em melhorar o atendimento na saúde, especialmente para doenças reumáticas. José Eduardo Martinez, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), destaca a importância de encurtar essas jornadas. Segundo ele, muitos pacientes enfrentam dificuldades em obter diagnósticos precisos antes de serem atendidos por especialistas.
A Iniciativa ‘Agora Tem Especialistas’
O programa ‘Agora Tem Especialistas’ é uma iniciativa do Ministério da Saúde voltada para reduzir o tempo de espera por atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). Lançado em parceria com estados e municípios, o programa busca oferecer atendimento especializado, diminuindo a espera por cirurgias e exames. A proposta inclui a ampliação da oferta de serviços em seis áreas prioritárias: oncologia, ortopedia, ginecologia, cardiologia, oftalmologia e otorrinolaringologia.
Recentemente, a medida que cria esse programa foi aprovada no Congresso, com amplo apoio. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, considerou o acontecimento “histórico”, enfatizando a necessidade de enfrentar a espera excessiva pelos atendimentos especializados no SUS.
Foco na Atenção Básica
Martinez salienta que, além de aumentar o número de especialistas, é fundamental investir na formação de profissionais da atenção básica. Um bom atendimento inicial pode aliviar a carga dos serviços especializados. Ele compartilha um caso de um paciente que viaja horas para ser atendido e enfrenta uma longa espera para retorno. A solução, segundo ele, seria a capacitação do médico local para que pudesse acompanhar o tratamento.
Valderilio Azevedo, também da SBR, concorda que uma melhor formação dos médicos generalistas pode encurtar a jornada do paciente, permitindo identificações e tratamentos precoces, sem necessidade de encaminhamentos para especialistas. A médica Licia Maria Henrique da Mota acrescenta que melhorar o fluxo de referenciamento entre serviços de saúde é crucial para garantir que pacientes não tenham complicações desnecessárias e que atendimentos sejam feitos de forma mais eficaz.
O Ministério da Saúde, em resposta, destacou que está aumentando os investimentos na Atenção Primária à Saúde, elevando seu orçamento de R$ 35,3 bilhões em 2022 para R$ 54,1 bilhões em 2024. Esse aumento visa fortalecer a cobertura que atualmente atinge cerca de 70% da população.
A capacitação adequada dos profissionais de saúde pode ser a chave para aprimorar a jornada do paciente no sistema público. Fique atento e reflita: como as mudanças na formação dos profissionais de saúde podem impactar você ou alguém próximo? Compartilhe sua opinião!
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