Romário Gil de Sousa Nascimento, de 31 anos, é um membro do Primeiro Comando da Capital (PCC) que subornou um servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) para obter informações sigilosas. Ele se destacou por liderar conflitos violentos contra o Comando Vermelho em Caldas Novas (GO), onde as investigações da Polícia Civil de Goiás revelam que pelo menos 12 pessoas morreram em decorrência dessa guerra.
Enquanto se escondia no Distrito Federal, Romário planejava ataques contra a facção rival, alimentando um ciclo de violência. Em 30 de julho de 2023, ele foi o mandante do homicídio de Welton Alves Guimarães. Apenas dias antes, em 22 de julho, a advogada Carla Aparecida Rufino Freitas estava em contato com seu ex-marido, que possui conexões no TJDFT, para levantar informações sobre mandados de prisão contra Romário. Ele pagou R$ 50 ao servidor Rigel dos Santos Brito para o vazamento dessas informações.
Na próxima terça-feira, Romário será julgado no Tribunal de Júri em Brasília pela tentativa de homicídio que expôs sua ligação com o servidor do TJDFT.
Romário atuava como “executor” para o PCC e também como “disciplina” em várias operações, com a responsabilidade de organizar assassinatos de membros do Comando Vermelho. Nos grupos em que atuava, ele era conhecido pelos codinomes “Galo Cego” e “Deus Proverá”. Após a morte de Welton, Romário comemorou em mensagens trocadas com um comparsa, detalhando um placar de assassinatos que ele considerava favorável.
A trama envolvendo a advogada, o servidor do TJDFT e Romário veio à tona após sua prisão por homicídio em Goiás. Mensagens encontradas no celular de Romário, apreendido pela polícia, revelaram a conivência de todos os envolvidos.
O que Aconteceu no DF
- Uma disputa por um lote irregular em Sobradinho levou Romário a ferir um homem em julho de 2023.
- Romário, já foragido por um homicídio em Goiás, contratou a advogada Carla para evitar a prisão.
- A advogada planejou pagar R$ 3 mil para que outra pessoa assumisse a autoria dos disparos e contatou o servidor do TJDFT para verificar se existiam mandados de prisão.
- Rigel recebeu R$ 50 para vazar informações e atualmente é réu por corrupção passiva.
- Após a prisão de Romário, a polícia analisou mensagens no celular dele, revelando o conluio com a advogada e o servidor.
- O julgamento de Romário por tentativa de homicídio ocorrerá nesta terça-feira.
- A advogada e o servidor foram presos durante a “Operação Temis”, mas respondem ao processo em liberdade.
- O servidor ficou suspenso por 90 dias e alega que acessou apenas dados públicos.
Em julho de 2024, a Polícia Civil deflagrou a operação Temis, resultando na prisão do servidor e da advogada. Ambos foram soltos cinco dias após a prisão. Rigel declarou à polícia que é comum que pessoas solicitem informações, mas garantiu que apenas acessou dados públicos, não informações sigilosas. Ele também não se recorda de ter recebido R$ 50, sugerindo que isso poderia estar relacionado a dívidas.
O Tribunal de Justiça do DF informou que Rigel está cumprindo uma suspensão disciplinar de 90 dias. O corregedor determinou a abertura de um processo administrativo disciplinar que culminou na penalidade aplicada. A defesa de Carla Rufino não retornou os contatos feitos pela reportagem.
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