Na noite de quarta-feira, 3 de setembro, um acidente no Elevador da Glória, em Lisboa, resultou em 17 mortes, destacando a fragilidade do transporte público em Portugal. A tragédia pode ter sido causada pela quebra do cabo que ligava as duas cabines do sistema, cuja manutenção foi terceirizada para uma empresa privada. Essa decisão é criticada há anos pelos sindicatos da Carris, responsável pelo transporte na capital.
A situação do transporte público no país é preocupante. Há falta de profissionais qualificados, os salários são baixos e muitos empregos são precários. Raquel Varela, historiadora e especialista em relações de trabalho da Universidade Nova de Lisboa, ressalta que o acidente evidencia um ambiente instável nos serviços públicos. Segundo ela, a combinação de baixos salários e excessivas subcontratações compromete a segurança tanto de trabalhadores quanto de usuários.
Varela aponta para os riscos graves em vários setores, como portos, aeroportos e sistemas de trens urbanos. Ela critica as condições de trabalho degradantes, que levam trabalhadores a enfrentar jornadas de até 16 horas. A especialista relaciona essa situação às regras da União Europeia, que dificultam a contratação de servidores públicos com remuneração adequada.
“A UE permite subcontratações, mas dificulta a contratação de funcionários públicos bem pagos. Isso cria uma situação explosiva, onde o Estado se torna uma ameaça à segurança dos cidadãos”, afirma.
Política de degradação dos serviços públicos
Além disso, Varela critica a falta de investimento e a emigração de profissionais qualificados, especialmente na área da mecânica. Ela descreve a abordagem atual como uma política de degradação dos serviços públicos, destacando a necessidade de equipes coesas e respeitadoras dos trabalhadores, essencial para a manutenção dos transporte.
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, e o prefeito de Lisboa, Carlos Moedas, afirmaram que estão apurando responsabilidades, mas ainda não há desdobramentos políticos. Para Varela, Moedas deveria considerar a renúncia, e a direção da Carris deve ser responsabilizada criminalmente se houver negligência na manutenção.
“Essa tragédia ceifou vidas e demonstra como o país está à deriva, colocando em risco seus cidadãos e visitantes, exceto aqueles que têm condições de se locomover de maneira privada”, conclui.
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